Tribuna Bahia – A cinco meses da abertura daCopado Mundo no Brasil, o cenário das obras nos estádios apresentam um aumento de gastos de mais de R$ 2,35 bilhões. Em janeiro de 2010, o governo federal anunciou que gastaria R$ 5,66 bi com os 12 estádios. Hoje, essa previsão é de R$ 8,01 bilhões. O aumento de gastos não acelerou as construções, tanto que a 150 dias da abertura, a Copa no Brasil é a que apresenta a pior evolução em comparação aos últimos quatro mundiais. Três estádios (Arena da Baixada, Arena Pantanal e Arena Corinthians) apresentam atrasos significativos.

O Brasil tem apenas sete dos 12 estádios concluídos (os seis da Copa das Confederações e o de Natal, que será inaugurado no dia 22). Na África do Sul, em 2010, seis dos 10 estádios estavam prontos, cenário levemente melhor que o do Brasil. Na Alemanha, em 2006, os 12 estádios estavam prontos em janeiro daquele ano. Em 2002, Coreia do Sul e Japão tinham 19 dos 20 estádios prontos. Na França, em 1998, oito dos 10 estádios estavam prontos.

As 109 obras previstas na "Matriz de Responsabilidade" do governo federal sofreram aumento nos gastos previstos há quatro anos. Duas obras aeroportuárias, uma em Curitiba e outra em Salvador, foram as que mais "inflacionaram" de acordo com levantamento do "Portal 2014". Em Curitiba o custo das obras foi de R$ 41,3 milhões para R$ 110,16 milhões, cerca de 166%. Em Salvador, o acréscimo foi de 164%: de R$ 30 milhões para R$ 79,23 milhões.

De acordo com a "Agência Pública" em nove das 12cidades-sede (Belo Horizonte, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre. Recife e Salvador) o financiamento federal para a construção e reforma dos estádios para a Copa é maior do que os repasses da União para a educação nos últimos quatro anos. Em Recife, por exemplo, a construção da Arena Pernambuco recebeu um financiamento três vezes maior do que o que o governo federal repassou para a educação na capital pernambucana. Em nota, o governo federal classificou os dados como "descabidos" e que "não refletem a realidade".

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, causou mal estar no Palácio do Planalto após entrevista dada a um jornal suíço em que expressou preocupação com a demora da conclusão das obras. "O Brasil acabou de se dar conta que começou tarde demais. É o país com mais atrasos desde que estou na Fifa e foi o que teve mais tempo, sete anos, para se preparar", disse. Dilma respondeu a Blatter, assegurando que o Mundial do Brasil será a "Copa das Copas". O presidente da Fifa colocou panosquentesdepois.

Dos cinco estádios que ainda não foram concluídos, o Beira-Rio, em Porto Alegre, é o que está próximo de ser entregue. No dia 29 deste mês o estádio vai receber um jogo treino do Internacional aberto para 10 mil sócios.

A Arena Amazônia, em Manaus, teria de ser entregue neste mês, mas ainda têm parte da sua cobertura sendo colocada. No dia 21, Jerome Valcke, secretário geral da Fifa, fará a uma visita técnica ao local. Em Cuiabá, a Arena Pantanal, que deveria ser concluída neste mês, será inaugurada em 22 de fevereiro. Está programado um quadrangular entre times locais para celebrar a abertura do estádio.

Em Curitiba e em São Paulo o cenário é mais preocupante. A Arena da Baixada, estádio do Atlético-PR, é o único que ainda não teve seu gramado plantado. Ele foi plantado numa fazenda do Rio Grande do Sul e será plantado em forma de rolos em Curitiba. A Fifa estabeleceu o final de fevereiro como prazo final para a conclusão do estádio, mas já considera que terá ser mais tolerante.

É o caso de São Paulo, palco da abertura do Mundial. O acidente que matou dois operários em 27 de novembro obrigou a Fifa a estender o prazo para receber o estádio em três meses. O prazo agora é para 15 de abril.

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