A Procuradoria francesa pediu, nesta quinta-feira, dez meses de prisão com possibilidade de suspensão da pena e uma multa de 75.000 euros (R$ 508 milhões) contra o atleta do Real Madrid, Karim Benzema. A medida é por cumplicidade na tentativa de chantagear Mathieu Valbuena. 

O atacante de 33 anos será julgado durante três dias. Contra os outros quatro acusados, processados por tentativa de chantagem com vídeo sexual, a Procuradoria pediu de 18 meses a quatro anos de prisão.

“Benzema não é um bom samaritano que busca ajudar. Ele agiu para permitir que os negociadores alcançassem seu objetivo, e os chantagistas conseguissem o dinheiro”, defendeu a procuradora Ségolène Marés, que destacou sua “autoridade e notoriedade”.

Em suas alegações, o advogado de Valbuena, Paul-Albert Iweins, denunciou o “discurso mafioso” do atacante durante sua intervenção neste caso, chegando a compará-lo a um “chefão da máfia”. Segundo ele, seu cliente foi “excluído” da seleção francesa, apesar de ser a vítima. 

“Ele foi privado deste troféu por manobras sórdidas e pela traição de um companheiro de equipe”, acrescentou Iweins, referindo-se a Benzema.

O jogador do Real Madrid, candidato à Bola de Ouro, não compareceu ao julgamento por motivos “profissionais”. Em declarações à imprensa na noite desta quarta-feira, seu advogado, Sylvain Cormier, evocou o “ressentimento” e o “ciúme” de Valbuena em relação a Benzema. Este último conseguiu retornar para a seleção francesa às vésperas da Eurocopa disputada em 2021.

Durante a instrução do processo, a defesa pediu, em vão, uma acareação entre os jogadores por considerar que a interpretação do que aconteceu é divergente. Benzema afirma que deu um “conselho de amigo” a Valbuena, que se considerou pressionado.

Fogo amigo

No dia 6 de outubro de 2015, Benzema foi ao quarto de Valbuena na concentração da seleção francesa, no centro de treinamento de Clairefontaine, a 40 quilômetros de Paris.

Benzema disse ao colega de time que poderia apresentar “alguém de confiança” para ajudar a “administrar” a possível divulgação de um vídeo comprometedor, segundo documentos do caso consultados pela AFP.

“Cuidado, Math. São grandes, grandes bandidos”, afirmou o jogador do Real Madrid, no que mais tarde declarou ser uma maneira de ajudar o colega. Valbuena disse que teve a impressão de ser chantageado.

Benzema não falou em nenhum momento sobre dinheiro, mas a pessoa que recomendou é seu amigo de infância Karim Zenati, com o qual os supostos chantagistas haviam entrado em contato para pressionar o meia.

Os dois homens no início da trama são Axel Angot e Mustapha Zouaoui, que tiveram acesso ao vídeo íntimo e tentavam tirar proveito.

Para pressionar Valbuena, eles procuraram primeiro o ex-jogador francês Djibril Cissé, que se recusou a colocar os dois em contato com o meia e alertou o colega sobre a existência do vídeo.

“A princípio, não acreditei, pensei que era um engano”, declarou nesta quarta-feira Valbuena, que se considerou em “perigo” e disse “temer pela carreira esportiva caso o vídeo fosse divulgado”.

Com a recusa de Cissé, os chantagistas procuraram Younes Houass, que entrou em contato com o denunciante, antes de conversar com “Luka”, um policial incógnito.

As conversas não deram em nada e, para a defesa, o fato de “Luka” ter procurado Houass em várias ocasiões representa uma incitação de delito, argumento rejeitado pela Corte de Cassação francesa.

No tribunal, Houass garantiu que não pediu dinheiro a Valbuena, que, para ele, “não parecia compreender” a gravidade da situação e a quem aconselhou a procurar “um homem de confiança” para administrar o caso.

As consequências do escândalo foram além da justiça. Os dois protagonistas principais deixaram de ser convocados para a seleção francesa, até ao inesperado retorno de Benzema às vésperas da Eurocopa disputada em 2021. (Gazeta Espotiva)

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