Pelo menos 108 civis morreram desde janeiro deste ano em ataques aéreos que teriam sido realizados pela Força Aérea etíope na região do Tigré – anunciou a ONU, nesta sexta-feira (14), referindo-se a possíveis crimes de guerra.

“As partes em conflito devem (…) suspender qualquer ataque, se parecer que o alvo não é um objetivo militar, ou se o ataque for desproporcional. O não respeito dos princípios de distinção e proporcionalidade pode constituir um crime de guerra”, advertiu a porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Elizabeth Throssell.

“Pelo menos 108 civis morreram e 75 ficaram feridos desde o início do ano, por ataques aéreos realizados pela Força Aérea etíope” nesta região, disse a porta-voz em uma coletiva de imprensa regular das agências da ONU.

O ataque mais mortal até o momento atingiu o campo de deslocados internos da cidade de Dedebit em 7 de janeiro, deixando dezenas de mortos e feridos.

“Desde então, foi confirmado que três das pessoas gravemente feridas não resistiram e faleceram no hospital (…) elevando o saldo desse único ataque para pelo menos 59 mortos”, disse Throssell.

O Tigré é palco há 14 meses de um conflito armado entre o governo federal e as antigas autoridades locais da Frente Popular de Libertação do Tigré (TPLF), partido que governou a Etiópia por 30 anos até que o atual presidente, Abiy Ahmed, chegou ao poder em 2018.

Vencedor do Prêmio Nobel da Paz um ano depois de assumir o cargo de chefe de Estado, Abiy enviou o exército federal ao Tigré em novembro de 2020 para destituir o governo regional que questionava a sua autoridade há vários meses e ao qual imputou vários ataques a bases militares.

Nos últimos dias, a ONU denunciou uma “intensificação dos ataques aéreos”, qualificando a situação como “alarmante”.

O Tigré está sujeito a um “bloqueio de fato” da ajuda humanitária, segundo a ONU.

Em 9 de janeiro, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) denunciou que a falta de suprimentos essenciais, como equipamentos médicos e combustível, “está afetando gravemente o atendimento aos feridos e levou o sistema de saúde à beira do colapso”.

O conflito na zona já deixou milhares de mortos.

Os esforços diplomáticos para acabar com esta guerra aumentaram, assim como as atrocidades e a fome que atingem a população.

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