Rio de Janeiro – O delegado Henrique Damasceno, que está à frente das investigações do caso do menino Henry Borel Medeiros, disse nesta terça-feira (4/5) que conversas analisadas no celular da babá Thayna de Oliveira Ferreira revelam que Monique Medeiros, mãe do garoto, só estaria com o vereador Jairo Souza Santos Junior, o Dr. Jairinho (sem partido), porque ele continuava pagando as contas dela.

O delegado afirmou que em todos os eventos, a babá informou para a Monique o que aconteceu. “A gente percebia o desespero da babá a cada mensagem. Ela (Monique) tinha o dever de afastar seu pequeno filho daquele cenário. E ela não fez isso. Ainda pediu à babá para mentir e apagar mensagens. Por isso, está sendo responsabilizada criminalmente”, completou o diretor do Departamento-Geral de Polícia da Capital (DGPC), Antenor Lopes, em entrevista coletiva nesta terça.

Segundo o delegado Damasceno, a investigação tem como principais pontos a análise dos celulares apreendidos e mensagens apagadas recuperadas, principalmente do telefone da Monique, que permite a confirmação detalhada de uma agressão, pelo menos (a de 12 de fevereiro).

“Em relação à babá, mesmo na retratação, ela suavizou bastante o que ocorreu e isso tem relevância no curso do processo. Por isso, já está aberto um outro procedimento/inquérito separado para apurar a conduta dela, destacou o delegado.

Para Damasceno, “a única pessoa calada nesta história foi o Henry. Ele pediu ajuda e não foi ouvido”.

Dr. Jairinho e Monique Medeiros foram indiciados por dois dos quatro episódios de agressão envolvendo o menino Henry. Por um deles, em 12 de fevereiro, o padrasto foi indiciado por tortura, e Monique por omissão. Já pelo episódio que resultou na morte da criança, os dois foram indiciados por homicídio duplamente qualificado e por tortura.

Os dados da investigação já foram encaminhados ao Ministério Público, que pode denunciar o casal pelos crimes.

Os investigadores da 16ª DP (Barra da Tijuca) pediram a prisão preventiva do casal. Os dois, no entanto, já estão cumprindo prisão temporária de 30 dias desde o dia 8 de abril. A detenção foi determinada pelo 2º Tribunal do Júri, após a polícia alegar que havia suspeitas de o casal estava atrapalhando as investigações e ameaçando testemunhas.

A prisão temporária do casal vence as 23h59 do dia 7/5. O Ministério Público espera finalizar a análise o mais rápido possível dentro do prazo de cinco dias.

“Para nós da Polícia Civil, mais difícil que prender um vereador, um médico, uma liderança política, foi responsabilizar e prender uma mãe que perdeu o filho de 4 anos de idade”, explicou Antenor Lopes, diretor do Departamento-Geral de Polícia da Capital (DGPC). “A investigação está tecnicamente convencida das responsabilidades da morte do Henry”, completa.

De acordo com as investigações, Jairinho dava bandas, chutes e pancadas na cabeça do menino. O vereador, Monique e a babá de Henry teriam mentido quando disseram que a relação da família era harmoniosa.

Já na prisão, Monique e Jairinho, que eram defendidos por André Barreto, contrataram novos advogados. A defesa de Monique pediu novo interrogatório, mas os investigadores não acharam importante para mudar o rumo do caso.

Outro caso

Na sexta (30/4), a polícia indiciou Jairinho pelo crime de tortura em outra investigação, que apurava agressões contra a filha de Natasha de Oliveira Machado, ex-namorada do político carioca. Hoje, a menina tem 13 anos.

O advogado de Jairinho, Braz Sant’Anna, informou que aguarda a citação do vereador para falar nos autos do processo. A defesa de Monique Medeiros disse, em nota que “o Inquérito Policial foi finalizado prematuramente com erros investigativos. Foram reinquiridas várias pessoas e admitida mudança de seus relatos. Monique não teve igual direito, em “dois pesos e duas medidas”. Mesmo a reconstituição dos fatos, baseada em versão irreal de Monique sob coação e dissimulação, é imprestável.”

Sobre a possibilidade de ouvir Monique novamente, o delegado Damasceno disse que não o fará: “Calar a Monique é argumento descabido. Foi ouvida como investigada por horas e por lei ela terá duas oportunidades de se manifestar em juízo”. E completou: “O que tenho são provas de que nos escritórios da defesa ela coagiu a babá, pediu que apagasse as mensagens e não falasse o que sabia. Não há indícios de ameaças. Não há qualquer prova nos autos de coação ou de que esteve subjugada”.

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