O coronavírus forçou mudanças mesmo nas empresas mais tradicionais do País. O Banco do Brasil, por exemplo, resistiu por anos ao home office. No início de 2020, antes do início da pandemia de covid-19, a instituição financeira tinha um total de 257 pessoas de um total de 93 mil trabalhadores trabalhando de casa (ou 0,28% do total). Desde março, tudo mudou: o banco colocou 32 mil trabalhadores para trabalhar de casa. A experiência não abriu só uma nova possibilidade de organização corporativa, mas também criou uma chance de a instituição fazer uma economia bilionária.

Segundo o vice-presidente corporativo do BB, Mauro Ribeiro Neto, o programa Flexy, que previa a modernização dos escritórios da instituição, estava sendo estruturado desde 2019, mas ganhou novo significado e mais velocidade durante a pandemia. O executivo diz que o banco, a exemplo de milhares de outras empresas, foi obrigado a testar o modelo remoto. A avaliação foi de que os resultados foram positivos e deixaram a proposta de transformação de espaços corporativos ainda mais ousada.

A redução de espaço será profunda e vai afetar as grandes áreas corporativas do BB – o Flexy, por ora, não está sendo aplicado a agências ou a pequenos escritórios espalhados pelo País. Do total de 5 milhões de metros quadrados de área locada do banco, 750 mil metros incluem escritórios de maior porte em Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraná e Pernambuco, além do Distrito Federal. Com a aposta renovada no home office, 38% desses espaços, ou 290 mil metros quadrados, deverão ser devolvidos, segundo o executivo.

“Vamos nos concentrar nas lajes de maior porte, que permitem uma aplicação maior do escritório de conceito aberto”, explica Ribeiro Neto. No redesenho dos espaços corporativos, o BB vai ficar mais parecido com os modelos associados a empresas de tecnologia: saem as estações de trabalho individuais e entram os espaços compartilhados; as salas de reunião ficam mais flexíveis, priorizando grupos menores; e o escritório ganha armários para que os funcionários guardem pertences pessoais.

Por trás da mudança de perfil dos escritórios, que vai custar um total de R$ 500 milhões e deverá ser iniciada este ano e concluída em 2022, está também uma meta de economia: entre cortes de custos com aluguéis e manutenção, o BB prevê uma redução de gastos anual na casa de R$ 185 milhões. Em dez anos, a economia chega a R$ 1,85 bilhão – descontado os valores da reforma, resta um saldo positivo nada desprezível: mais de R$ 1,3 bilhão.

Muitas empresas estão buscando espaços mais flexíveis para o período pós-pandemia, uma vez que ficou claro que o home office é uma possibilidade a ser considerada. No BB, cerca de 30% dos trabalhadores – ou mais de 30 mil pessoas – vão continuar a atuar parcialmente de casa mesmo depois que a pandemia estiver controlada. O corte de 38% nos espaços corporativos principais vai acarretar a devolução de 19 prédios pelo BB ao redor do País: os 35 edifícios atuais vão virar 16.

Tendência

Segundo Fábio Maceira, presidente da JLL, companhia que administra espaços corporativos, as companhias vão inevitavelmente repensar a função de seus escritórios no pós-pandemia. Tanto é assim que algumas companhias proprietárias de imóveis corporativos já começam a flexibilizar os contratos de aluguel para permitir permanências mais curtas. Muitas empresas, de acordo com o especialista, deverão optar por contratos mais flexíveis por algum tempo para medir com exatidão, afinal, se precisam mesmo do espaço que hoje ocupam. (Estadão)

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