Um matuto do interior de Minas Gerais apaixonou-se por uma professora. Quando se reuniram pela primeira vez em família, ele pediu a mão dela em casamento. A família dele era contra aquele relacionamento. Embora ninguém falasse, dava para entender o que eles pensavam: “gente sabida de mais é danado para enrolar quem não sabe”. – Comigo não será assim – dizia ele para os que duvidavam de sua capacidade intelectual.

Contra tudo e contra todos eles se casaram. Ela se chamava Maria. Uma mulher elegante, bela, tanto no vestir como no falar. Amava o seu trabalho, a sua casa, os seus filhos. Ao contrário, o seu esposo, era uma pessoa calada. As palavras eram poucas. Falava somente o necessário. Ele era dado mais a prática do que ao aconselhamento. Talvez, por isso, tinha poucos amigos.

No “Dia Internacional da Mulher” ele decidiu homenagear a esposa. Comprou presente para todas as crianças. Maria pegou o presente do filho mais velho e disse: – Ah! Vejo que você me deu um livro de presente! (Ela tinha falado para o marido que gostaria de ganhar o livro “Mulheres de Aço e de Flores” do padre Fábio de Melo).

– Sim, isso mesmo, a senhora acertou – disse o filho. – E eu ainda sei o título do livro. – Ah não, isso é demais, diga aí? – Mulheres de Aço e de Flores do padre Fábio de Melo. – Sim, como a senhora sabia? – A mulher sempre sabe!

Todos os filhos ficaram ainda mais encantados, e o esposo cada vez mais apaixonado por ela. – E você, Luisinho, comprou-me um vestido, disse a mãe, pegando o pacote que o filho do meio lhe estendia. (Ela tinha falado para o marido que gostaria de ganhar o vestido que estava na vitrine da única loja do povoado que vendia artigos de lã. – E eu ainda te garanto que é um vestido de lã. – Sim, a senhora acertou mais uma vez. Mas diga-me: como a senhora sabia? Sem pestanejar e olhando para o marido ela respondeu: – Ah, filho, a mulher sempre sabe!

E assim foi, até ela pegou o presente do marido. Uma caixa enfeitada com papel simples, nada sofisticado. Ao receber o presente das mãos do esposo, ela percebeu que o papel estava molhado. – Vejo que você me deu de presente uma garrafa de vinho e derramou um pouco. – Errado – disse o esposo – não é vinho. – Bem, então é uma garrafa de licor. – Errou de novo.

Os dedos da esposa estavam molhados ela pôs na boca, mas isso não lhe deu nenhuma pista. – É gim? – Não – disse o esposo. – É um cachorrinho. Os filhos caíram as gargalhadas. A filha adolescente aproveitou a ocasião para responder a mãe: – Está vendo aí, nem sempre você tem razão! O pai que não era dado a fala, saiu em defesa da esposa: – Por que isso agora? Hoje é festa, Dia Internacional da Mulher, e toda mulher tem razão sim! – Ela está assim comigo porque eu não a deixei ir ao cinema com os amigos. –  Todos vão, só eu não posso ir. Por que isso?

Naquele momento, a mãe estava preparando uma sobremesa. Todos estavam na cozinha. – Milha filha – disse ela – onde estão os ovos podres que descobri hoje de manhã na parte mais alta da dispensa? – Estão na lata de lixo, mãe. Por quê? – Traga-os aqui. – O que a senhora vai fazer com eles? – Vou colocá-los nesse pudim. – Os ovos podres? Mas eles estragarão o pudim! – Ah – disse a mãe, – se o pudim se estragar poderei jogá-lo fora. Mas, se você entupir sua cabeça com lixo – e esse filme é mesmo um lixo – eu não poderei jogar sua cabeça fora.

– Está vendo filha, como a mulher tem sempre razão! E ele completou: – “O Dia Internacional da Mulher é muito mais do que dar flores e chocolates para cativar às mulheres. É um dia de muita luta e de lembrar todas as vitórias e conquistas na participação política, na ocupação de posições de poder e na proteção contra a violência doméstica ao longo da história. Essa data faz com que o mundo pare para ouvir o que as mulheres têm a dizer e valorize tudo o que foi feito por todas aquelas que foram às ruas no passado, que acreditaram em um mundo melhor, mais justo e proporcionaram às mulheres de hoje todos os direitos e os acessos que podem desfrutar. Minha bela Maria, eu seu nome quero parabenizar todas as mulheres que lutam diariamente por um mundo melhor”.

– Que coisa linda meu amor. Muto obrigada. – De nada. Mas esse texto não é meu. Eu copiei de algum lugar. – O importa é que nós nos amamos e construímos uma família linda. Parabéns para todas as mulheres, das mais simples as mais letradas!

Luís Lemos

Filósofo, professor universitário e escritor, autor do livro: “Jesus e Ajuricaba na Terra das Amazonas”.
Instagram: @professorluislemos
Youtube: https://www.youtube.com/channel/UC94twozt0uRyw9o63PUpJHg

Artigo anteriorEm reunião com prefeitos, Wilson Lima discute ações nas áreas da saúde, infraestrutura, segurança e educação
Próximo artigoAo criticar lockdown, Bolsonaro diz que é “o garantidor da democracia”