Aos 79 anos, uma das figuras mais conhecidas do jornalismo brasileiro acha uma vergonha – para se inspirar em seu clássico bordão – ficar parado. Boris Casoy agora usa o YouTube para exibir o Jornal do Boris e se manter na ativa dentro do mercado. “A adaptação é tranquila desde que você seja um jornalista com J maiúsculo”, garante o novo youtuber em entrevista ao Metrópoles.

O Jornal do Boris vai ao ar, de segunda a sexta, sempre às 8h. Na atração, ele comenta notícias, faz análises e solta o seu bordão: “Isso é uma vergonha”. “Essa frase não tem o caráter de uma avaliação moral, é uma reação de indignação”, explica.

Profissional experimentado, com passagens por rádio, assessoria de imprensa, jornais e televisão, Boris Casoy foi demitido da RedeTV! em setembro. Porém, a decisão de criar um canal no YouTube vinha de antes, garante o jornalista.

“Eu já tinha me preparado antes do meu contrato ser desfeito na RedeTV! Eu tinha uma cláusula que me permitia trabalhar com internet. Eu acho que, para muitos profissionais, é uma transição inevitável. E tem uma virtude que não tem preço: você é dono do seu nariz”, explica Boris Casoy. “A única coisa chata é que preciso acordar às 6h, não consigo me acostumar com isso”, brinca.

Inaugurado em 20 de outubro, o Jornal do Boris está começando sua trajetória no mundo digital. “Não tenho a pretensão de ter 1 bilhão de visualizações”, comenta o jornalista. Mesmo assim, Boris Casoy já fala como um influencer e é capaz de identificar o perfil de seu público digital.

“Tem um Brasil que é patriótico, não batendo no peito ou esfregando a bandeira na cara, mas que deseja o bem da sociedade. São pessoas que estudam à noite e trabalham de dia, fazem cursos. Vejo que esse país me acompanha. O público é parecido, mas a plataforma é outra”, celebra.

A equipe conta com três pessoas: a cozinheira do jornalista, que atua como maquiadora e cabelereira, um engenheiro e um colega que cuida do marketing digital.

Comentários

Boris Casoy está no jornalismo há muito tempo, por isso mesmo já se acostumou com as reações (nem sempre afetuosas) do público. Na internet, onde o contato é ainda mais próximo, o novo digital influencer não teme o “cancelamento”.

“Com as indelicadezas e animalidades humanas, eu já estou acostumado. Nem ligo. Há anos, quando eu estava no SBT, o Silvio Santos me viu lendo as cartas e falou: ‘Boris, não leia isso, você vai se contaminar pelo que as pessoas falam’. Acho que ele tinha razão”, recorda o jornalista e youtuber. No entanto, o veterano profissional condena a onda de ódio.

“A internet ainda proporciona o anonimato. É preciso tomar uma providência quanto a quem se esconde para caluniar ou ofender. Isso não é liberdade, é libertinagem. Não é censura. Defendo liberdade com responsabilidade”, aponta.

Imprensa atual

Em homenagem ao programa O Trabuco, apresentado pelo jornalista Vicente Leporace, na Rádio Bandeirantes, o Jornal do Boris se apresenta como uma atração independente e apartidária. Essa regra, para Boris Casoy, é um imperativo no mundo atual.

O apresentador concorda que um jornalismo engajado vem dominando o mercado. Porém, ele tem restrições contra essa prática. “Está acontecendo uma conjunção estelar, que é a responsabilidade com a crise econômica, o governo Bolsonaro e outras demandas. Há uma fixação da imprensa brasileira que não me lembro de já ter sido um objetivo da mídia”, opina. “Estou me sentindo isolado nessa posição de criticar o que acho ruim e apoiar medidas que considero boas. Quando essa divisão do país arrefecer, as pessoas vão cobrar maior isenção e neutralidade. A sociedade não é boba”, conclui. (Metrópoles)

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