Comprar um imóvel é objetivo da maioria dos brasileiros, porém, é também um ideal que esbarra no desafio de criar reservas para essa finalidade. Um dos empecilhos para realizar o sonho da casa própria é a falta de cultura financeira. Apesar de acostumada às oscilações de mercado e alta de preços, grande parte da população ainda patina quando o assunto é guardar dinheiro para aquisições futuras. Ignoram regras básicas, como guardar 30% de seus ganhos, e quando podem fazê-lo, direcionam valores para investimentos com pouca rentabilidade, como a poupança.

“Precisamos entender que a poupança já foi um bom investimento, mas por se tratar de um produto com mais de 150 anos, hoje em dia já não atende mais às nossas necessidades”, explica Patricia Lages, autora do blog Bolsa Blindada e de cinco best-sellers sobre finança e empreendedorismo feminino. “Isso porque, atualmente, o rendimento da poupança é de 70% da Selic que está em 2,25% ao ano, com expectativas de baixar ainda mais este ano. Dessa forma, a poupança rende 1,57% ao ano, o que é pouco para quem pretende comprar um bem de valor elevado”.

Uma questão incômoda sobre a poupança é a facilidade com que o dinheiro pode ser sacado. Patricia alerta que, ao invés de ser uma vantagem, isso acaba atrapalhando o investidor na hora de manter o foco. “Faz com que muitos investidores usem o dinheiro em outros objetivos, atrasando a compra do imóvel”. Segundo ela, melhor mesmo é optar por investimentos com menor liquidez, “onde o valor fique resguardado e traga mais rentabilidade, com a maior segurança possível”.

Então, por onde começar?

“Considerando uma pessoa que queira começar do zero, o ideal seria iniciar pela renda fixa e, mais adiante, formar uma carteira diversificada para buscar maior rentabilidade”, ensina Patricia. “O investidor deve sempre focar em prazos mais longos, de acordo com suas possibilidades”. Significa que ele deve fazer realmente as contas de quanto pode investir mensalmente e de quanto tempo precisará para reunir o capital necessário.

Sobre as carteiras recomendadas, a especialista em finanças faz um alerta. “Como se trata de um bem de valor elevado, é importante que a maior parte do dinheiro esteja em investimentos mais seguros”. Porém, se o perfil do investidor é mais arrojado, nada impede que ele faça uma divisão menos conservadora, para buscar mais rentabilidade.

Considere que todo investimento que oferece mais segurança proporciona menos rendimento. Naturalmente, os que oferecem mais rentabilidade tendem a ser mais arriscados. “Como as possibilidades de carteiras são muitas, o mais importante na hora de montar a sua é contar com uma assessoria que respeite o seu perfil como investidor”, analisa Patricia.

Erros x acertos

Acumular reservas para comprar um imóvel é objetivo de longo prazo, por isso, é fundamental manter a determinação de guardar dinheiro. “Um dos maiores erros é focar no valor total e achar que nunca vai chegar lá. Quando a pessoa pensa dessa forma, acaba deixando de investir mensalmente e fica esperando ter um valor maior, porém, mais importante que poupar muito, é poupar sempre”, ensina Patricia.

Outra estratégia que funciona muito bem é fracionar a conquista. Ela dá exemplos de como objetivos menores podem ser mais facilmente alcançados. “Focar em poupar e investir até obter o valor da entrada; depois, ter uma quantia maior para dar de entrada em um contrato de financiamento menor”, e assim por diante.

Um conselho: evitar criar paranoias durante o processo. Não é bem verdade que enquanto a entrada está sendo formada o imóvel vai subir de preço. Pensar dessa forma vai levar a conquista para mais longe, segundo a especialista. “Hoje em dia, o mercado imobiliário tem novas propostas e pode ser que amanhã apareçam oportunidades que nem existem hoje, mas que podem se encaixar perfeitamente no seu estilo de vida”, incentiva.

É interessante pesquisar constantemente o mercado e estudar as possibilidades com a mente aberta. Além disso, é importante considerar também os valores de mercado. “Quanto mais perto de acumular 100% do total, melhor, pois descarta-se a necessidade de contratar financiamento que, obviamente, vai incluir juros”.

Por fim, o melhor momento para fechar negócio é quando a oportunidade certa aparecer. Mas como saber? “Neste momento, por exemplo, quando o preço de muitos imóveis caiu com a pandemia, quem tem dinheiro em caixa pode aproveitar”, garante Patricia. Feita a aquisição, é bom lembrar que a compra de um imóvel também traz várias taxas e impostos. “Ter dinheiro para cobrir todos os custos é imprescindível”, conclui. (Portal R7)

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