A professora Raimunda, conhecida por todos como Ray Maquininha, por ser uma excelente profissional da área da Matemática, conheceu um homem pela internet e logo engatou namoro com ele. 

Quando ela divulgou para os seus colegas de trabalho que estava apaixonada, Josefa, uma sexagenária professora de Língua Portuguesa e entendida na arte do amor, disse em alto e bom som: 

— Espero que não seja golpe! 

Depois de alguns votos de “boa sorte” por parte dos outros colegas, a professora Ray Maquinha disse que estava indo se encontrar com o “amor de sua vida”. 

— Essa história já conhecemos – disse o professor José, ex-marido da professora Ray Maquininha. 

— Tu está é com ciúmes, meu bem! 

­— Tão habilidosa com os números e tão sem sorte no amor — concluiu ressentido o professor José.  

No outro dia, a professora Josefa viu a tristeza da colega e estranhou:  

— O que foi? O que aconteceu? 

A professora Ray Maquininha quis disfarçar: 

— Nada, colega, nada. Por quê?  

A professora Josefa insistiu:  

— Estou achando você meio assim, esquisita. Houve alguma coisa entre você e seu namorado ontem, houve?  

A professora Maquininha ri:  

— Ora, colega! Mas que bobagem! Teria cabimento a gente brigar no primeiro encontro?  

A professora Josefa bateu na mesa:  

— Isola!  

Disfarçando, a professora Maquininha suspirou:  

— Ótimo. Melhor assim.  

Mas a professora Josefa não estava convencida. Achou na alegria da professora Maquininha algo de artificial, de falso.  

No intervalo de uma aula para a outra, agora no corredor da escola, a professora Josefa surpreendeu a professora Ray Maquininha com a pergunta:  

— Você está feliz, minha amiga?  

— Eu?  

— É.  

A professora Ray Maquininha teve uma brevíssima hesitação:  

— Estou, sim. E não é para estar? 

 — É que esses homens… 

A professor Josefa nem chegou a completar a frase, e a professora Ray Maquininha voltou a falar: 

— Ele é uma pessoa quase perfeita.  

A professora Josefa faz espanto:  

— Quase?  

A professora Ray Maquininha parece desconcertada e termina admitindo:  

— É o seguinte: o Iran é um homem formidável, um namorado educado e sensível. Estou satisfeita com ele. Mas tem um defeito. Um único defeito.  

— Qual?  

A professora Maquininha ergue o rosto e responde:  

— Ele fala pouco. Quase não fala. As poucas palavras que ele fala é “money”, “money”. 

— Ele é de onde? 

— Do Haiti. 

O professor José, que da sua sala de aula ouvia toda aquela conversa, disse: 

— Esse homem é um aproveitador. Ele só quer o seu dinheiro.  

— Tu está é com inveja, eu sei! 

— Não é isso. Tu não tem sorte no amor. 

— Ele até me convidou para conhecer o país dele. 

— Tu não vai, né amiga? — interveio a professora Josefa! 

E virando-se para o professor José, com a intensão de causa-lhe ciúmes, respondeu-lhe: 

— Estou pensando seriamente! 

Foi quando a professor Josefa sentenciou: 

— Não ver que vocês se amam! 

— Quem, nós? — perguntou a professora Ray Maquininha. 

— Sim, vocês! Só vocês dois não percebem.  

A professora Josefa falava olhando na direção em que a professora Ray Maquininha caminhava.  

— Dessa vez ela não escapará — disse o professor José indo atrás da professora Ray Maquininha.  

— Isso. Vão ser felizes. Eu mesma cuidarei de informar a direção da escola — disse a professora Josefa. 

No outro dia, os jornais estampavam em suas manchetes de capa: “Professor mata ex-esposa e em seguida se mata”; “Marido descobre traição e mata esposa”. 

Luís Lemos é filósofo, professor universitário e escritor, autor, entre outras obras, de Filhos da Quarentena: A esperança de viver novamente, Editora Viseu, 2021.

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