Lágrimas, emoção, sonhos, empreendedorismo, trabalho em equipe, defesa da cultura e da gastronomia da Amazônia como instrumentos para alavancar o turismo sustentável na região. Essas foram algumas das palavras-chave da solenidade de entrega do título de Cidadão do Amazonas ao premiadíssimo Chef Felipe Schaedler, proprietário dos restaurantes Banzeiro e Caboquinho.

Fotos: Jimmy Christian

A propositura foi uma iniciativa da deputada estadual Alessandra Campêlo (MDB) e a entrega da comenda aconteceu na tarde desta terça-feira, 10 de setembro, no plenário Ruy Araújo, na Assembleia Legislativa do Amazonas.

Em seu discurso, novo Cidadão do Amazonas contou o início de sua trajetória no Estado. Em 2002, o catarinense nascido no município de Maravilha desembarcou junto com a família em Manaus e foi direto para Itacoatiara (a 270 quilômetros da capital). Lá montaram uma pequena pizzaria, trampolim para o sonho de se tornar um dos mais renomados chefs do Brasil e do mundo.

“Eu ainda me lembro bem do Monza verde, o táxi que levou eu e minha mãe do aeroporto de Manaus para o nosso novo lar, Itacoatiara. Era o final do ano de 2002, chegamos de tarde, eu tinha 16 anos e estava saindo de um extremo de um País e chegando em outro. Na mala de minha família, nós não tínhamos muitas esperanças. Os anos anteriores tinham sido bem difíceis. Mudar para o Amazonas não era exatamente o que estava nos planos dos meus pais, mas àquela altura era a única opção”, contou.

Na “Velha Serpa”, Schaedler e família fizeram uma imersão na cultura amazonense.  O adolescente do Sul conheceu a gente simples e acolhedora da terra, provando em seguida os sabores da Amazônia, como o tucumã, os peixes. Tomou banho de rio. Rios de verdade. Águas que abriram caminhos para o mundo dos negócios. Em Itacoatiara, Felipe aprendeu a olhar localmente e pensar o empreendedorismo. Teve a visão de levar a gastronomia regional para o Brasil e o mundo.

“Itacoatiara foi uma experiência singular em nossa trajetória, foi um ponto fundamental na minha carreira. Foi lá que abrimos o nosso próprio negócio, foi lá que entendi a essência de um amazônida. As cidades do interior ainda preservam muitas riquezas do seu jeito simples de ser. Foi lá que eu conheci o tal do tucumã, que eu tomei banho num rio realmente grande, eu pescava e entendia um pouco como eram os peixes da nossa região. Foi em Itacoatiara que abrimos o Big Pizza, uma pequena pizzaria que foi a nossa principal fonte de sustento”, disse Schaedler, emocionado.

Depois da vida no interior, Schaedler veio para a capital. Foi aluno da primeira turma de Gastronomia do Ciesa. O restante da história já é conhecido do público. Há dez anos, inaugurou o Resturante Banzeiro. Depois veio o Caboquinho do Manauara Shopping. Ganhou prêmios e reconhecimento nacional e internacional.  Há duas semanas, o chef inaugurou a filial Banzeiro em São Paulo, capital gastronômica do País.

“Todos os dias penso no compromisso que tenho com esse Estado e como posso retribuir tudo o que conquistei aqui, uma dívida moral que me motivou a abertura do Banzeiro em São Paulo. São Paulo não é vaidade, não é fama e também não é dinheiro. É por uma questão moral que tenho com o Amazonas”, ressaltou.

Diante de dezenas de colaboradores, o chef continuou seu discurso inspirador e emocionante, diante também de ex-professores da universidade. Parecia uma cena de filme. Filme dos bons. Schaedler enumerou que já levou a bandeira da culinária amazonense para cinco países em três continentes. Mas o céu não é o limite para o catarinense mais caboclo que existe.

“Mesmo com tal aparente sucesso, isso nunca me satisfez. Hoje eu entendo que não são os outros países do mundo que precisam conhecer o Amazonas, são os próprios brasileiros. O Brasil precisa descobrir o Brasil. O meu sonho hoje é ganhar voz e pode gritar cada vez mais alto para que juntos possamos fortalecer a maior riqueza do nosso Estado, que é o turismo. O Amazonas tem um potencial sem igual para o turismo, podemos e devemos fortalecer esses laços, que se bem cuidados e bem preservados vão ser um bem eterno para a nossa região. Fazer um turismo sustentável é algo que transcende a nossa época, é algo que muitas gerações poderão usufruir. Turismo sustentável é respeito à nossa biodiversidade, é cuidado com a natureza. O mundo precisa de atitudes conscientes, e isso pode estar ao nosso alcance, como simples cozinheiros”, concluiu.

Fotos: Jimmy Christian

A deputada Alessandra Campêlo destacou que a homenagem ao chef Felipe Schaedler é o reconhecimento do Poder Legislativo à contribuição do profissional ao Estado. Para ela, além de gerar empregos, o novo Cidadão do Amazonas é uma espécie de embaixador do Estado no Brasil e no mundo.

“A entrega desse título de Cidadão do Amazonas ao chef Felipe Schaedler é justíssima. Ele é alguém que realmente leva o nome do Estado, e até na fala dele existe uma preocupação com o desenvolvimento do turismo do nosso Estado. Não tinha por que não ser cidadão amazonense, pois ele preenche todos os requisitos, e ainda sobra”, concluiu a autora da propositura.

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