A educação financeira pode, e deve, começar cedo. Ainda na adolescência, é possível aprender a lidar com conta corrente e poupança, saber o que são taxas, juros e multas, a importância de não adquirir dívidas, como fazer depósitos e transferências, como guardar dinheiro e até como funciona em geral o sistema bancário brasileiro.

Aprender, ainda jovem, a lidar com o dinheiro pode fazer toda a diferença na vida adulta. Nesse processo, toda informação é bem-vinda, como saber que cada banco em operação no nosso país possui uma numeração. O número do Banco do Brasil, por exemplo, é o 001.

A primeira lição que o adolescente precisa saber é sobre não gastar mais do que se ganha. Dar mesada aos filhos é um bom começo para pais e responsáveis estimularem o controle financeiro.  Fazendo uma breve analogia com o salário, a mesada representa para o jovem o montante que ele terá disponível ao longo de 30 dias. Nesse valor ele deve encaixar o que deseja gastar e poupar.

A educação financeira nas escolas

O ensino sobre o controle de finanças para jovens é tão importante que o Ministério da Educação (MEC) do Governo Federal tem um programa chamado “Educação Financeira nas Escolas”, uma ação que faz parte da Estratégia Nacional de Educação (Enef). Lançado em 2010, o objetivo é auxiliar os estudantes do Ensino Médio e do Ensino Fundamental a entenderem a melhor forma de poupar e administrar o dinheiro, bem como dicas sobre sistema tributário, previdência e economia.

Além de aulas, palestras e semanas temáticas, o Governo passou a disponibilizar livros didáticos gratuitos, acessíveis pela internet, com materiais informativos sobre educação financeira. O processo, porém, ainda é longo. De acordo com a Agência Brasil, o país ficou em último lugar no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes em um ranking sobre competências financeiras. Ao todo, 15 países foram avaliados.

Assim, mantém-se a necessidade de trabalhar melhor a educação financeira com os jovens. Em 2019, um parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE), com apoio do MEC, determinou que as escolas adequassem suas grades curriculares para incluírem temas relacionados à Educação Financeira durante as aulas e projetos.

São ensinamentos que fazem diferença. Um levantamento feito pela Associação de Educação Financeira (AEF-Brasil), em parceria com o Serasa, apontou que um terço dos jovens admitiu ter aprendido a poupar dinheiro após participar de algum projeto do tipo. Já 21% dos entrevistados disseram ter aprendido a usar melhor os recursos financeiros disponíveis e outros 24% relataram que o tema passou a ser discutido com os pais em casa.  

A família e as práticas de educação financeira 

Os pais ou responsáveis também podem ajudar nesse trabalho educacional, com dicas práticas facilmente encaixáveis na realidade do adolescente. A mesada – quando possível – é um excelente recurso para desenvolver habilidades para administrar o dinheiro.

Um exemplo comum pode ser levantado. O jovem tem R$ 50 na carteira e quer um produto que custa R$ 60 tem duas opções para lidar com a situação. A primeira é desistir da compra e a segunda, guardar o dinheiro para comprar no mês seguinte. Com o ensinamento, o adolescente tende a ver que não deve contrair uma dívida e o quanto é importante poupar parte do que se ganha a cada mês. 

Um bom exercício é tentar incentivar cada pessoa da família a poupar 10% da renda pessoal e deixar esse dinheiro guardado na conta ou na poupança. Ao final de um ano, o montante pode ser usado para ajudar nas despesas de uma viagem de férias ou na compra de presentes de Natal.

Reserva financeira e investimentos

Outro aprendizado é sobre reservar uma parte do dinheiro para eventuais emergências. Ter este dinheiro guardado para casos inesperados evita rombo no orçamento. Dessa forma, construir reservas pode ajudar no momento do aperto. 

Além de poupar, a família pode estimular o jovem a fazer investimentos. O pai ou a mãe que já aplica parte do seu dinheiro pode mostrar ao filho como funciona, o quanto é investido e quais as projeções de retorno e de lucro. Se for do objetivo e do interesse do adolescente, e as condições financeiras permitirem, ele também pode começar a investir.

Tendo mostrado interesse na área, o estudo sobre o tema pode ser aprofundado, o que fará desse jovem uma pessoa bem mais preparada para enfrentar o mercado financeiro e suas nuances, olhando fazendo do dinheiro um parceiro e não um vilão.

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