Em depoimento à Justiça de São Paulo, o médico nutrólogo Abib Maldaun Neto, que foi condenado a 18 anos de prisão por abuso sexual, admitiu que estimulou o clitóris de pacientes durante exames em seu consultório entre 1997 e 2020. Seu consultório ficava no Jardins, bairro nobre de São Paulo.

No depoimento, divulgado pela GloboNews, o médico disse que suas pacientes lhe procuravam para fazer tratamentos de prevenção ao envelhecimento celular, e ele receitava medicamentos antioxidantes e para emagrecer. Disse que, por causa dos remédios, as pacientes poderiam ter efeitos colaterais, então ele precisava introduzir os dedos na vagina das mulheres “para ver se tinha lubrificação” e avaliar “ereção clitoriana indesejável”, e que eram exames de rotina.

“O que acontece é que em alguns pacientes, algumas pacientes… A medicina não é uma ciência exata, obviamente, então há efeitos colaterais, e o uso do hormônio fazia com que as pacientes tivessem uma ereção clitoriana indesejável, que chegava machucar quando elas usavam uma calça jeans, uma calça um pouco mais apertada, e assim como, por exemplo, um homem, quando eu repunha a testosterona”, disse.

“Então, na verdade, o que acontece é que os exames que eu pratiquei naquele momento, que foram muito poucos e pontuais, foram em pacientes que tiveram queixas de efeitos colaterais do meu tratamento”, acrescentou.

A juíza então questiona por que ele, que é nutrólogo, faria um exame ginecológico, e ele volta a citar os efeitos colaterais. “Como eu reponho hormônios e substâncias estimulantes, algumas delas tiveram efeitos colaterais. E a principal queixa era uma ereção clitoriana constante, que chegou a duplicar o tamanho do clitóris, machucando o zíper da calça ou na própria calça ou impedindo a usar calça comprida. Exame desagradável? Desagradável. Mas assim como no homem também fiz toque retal muitas vezes para ver se a próstata estava crescida ou não devido à ação da testosterona”, afirmou.

Entretanto, as vítimas ouvidas no curso do processo não relataram nenhum efeito colateral.

Maldaun foi condenado a 18 anos e seis meses de prisão, em regime inicial fechado, pelo crime de violação sexual mediante fraude contra seis ex-pacientes e uma ex-funcionária. (Metrópoles)

Artigo anteriorPresidente da Fifa usa argumento polêmico para defender Copa bianual
Próximo artigoAnvisa: funcionário forjou declarações de saúde de atletas argentinos