Um estudo publicado na revista Scientific Reports na quarta-feira (15/9) sugere que pessoas expostas aos raios ultravioleta B (UVB) no ambiente residencial semanas antes de serem identificadas com Covid-19 tiveram mais chance de desenvolver a forma leve da doença.

A pesquisa da Trinity College Dublin e da University of Edinburgh, na Irlanda e Escócia, respectivamente, fez a associação entre vitamina D proveniente dos raios UVB e as formas graves do novo coronavírus em quase meio milhão de indivíduos no Reino Unido. Os pesquisadores descobriram que a quantidade de radiação UVB ambiente no local de residência de um indivíduo antes da infecção por Covid-19 foi inversamente associada com hospitalização e morte.

Os cientistas calcularam, de forma isolada, o nível de vitamina D aproximado presente nos genes dos indivíduos para excluir variações como idade, sexo e fatores sociais e definir a quantidade normal do organismo. Esse método já foi usado em outras pesquisas, mas não foi suficiente para estabelecer uma relação de causa e efeito entre a vitamina D e a Covid-19, e uma das explicações é que não foram considerados os níveis do pró-hormônio adquiridos via UVB.

Esta foi a primeira vez que os dois níveis foram comparados, e a conclusão foi que a concentração de vitamina D na circulação era três vezes mais forte para o nível de vitamina D recebido por UVB, em comparação com o previsto geneticamente.

Esses dados foram cruzados com a quantidade de UVB no local de residência dos participantes antes da infecção pelo coronavírus e a evolução da infecção. A análise não foi completamente conclusiva, mas foi notado um “potencial efeito causal” entre a exposição aos raios ultravioleta e o desenvolvimento da Covid-19. Os cientistas acreditam que o número de participantes foi muito pequeno para determinar a relação entre as duas coisas, e estudos maiores podem chegar a uma resposta melhor.

Este não é o primeiro estudo a relacionar a deficiência de vitamina D com a evolução de doenças respiratórias virais e bacterianas. Na maioria dos levantamentos publicados, os cientistas observaram os benefícios da substância no organismo, mas a falta dela pode estar relacionada a problemas como obesidade e outras doenças crônicas que também influenciam o desenvolvimento da Covid-19. Assim, ainda não foi possível comprovar se é a falta de vitamina D ou as outras doenças que está ligada aos quadros graves da infecção pelo coronavírus.

A professora sênior do estudo, Lina Zgaga, disse ao site de notícias Eurekalert que a vitamina D parece ser importante na prevenção de casos agudos da Covid-19 e que, caso haja deficiência dessa substância no organismo, pode ser preciso fazer a reposição.

“Nosso estudo adiciona mais evidências de que a vitamina D pode proteger contra infecções graves por Covid-19. A realização de um ensaio clínico randomizado e controlado analisando a Covid-19 com suplementação de vitamina D é fundamental”, reforçou a médica. Sem este tipo de pesquisa, não é possível confirmar a relação entre o pró-hormônio e o desenvolvimento da infecção com o coronavírus.

O professor Evropi Theodoratou, que também é pesquisador sênior do estudo, afirmou ao Eurekalert que as terapias alternativas, como a prescrição de vitamina D, também devem ser levadas em consideração. “Dada a falta de terapias altamente eficazes contra a Covid-19, pensamos que é importante manter a mente aberta para os resultados emergentes de estudos rigorosamente conduzidos de vitamina D”, afirmou Theodoratou. (Metrópoles)

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