Em documentos resultantes das quebras de sigilo, a CPI da Covid-19 encontrou uma série de transações, no montante de R$ 50 milhões, do empresário Francisco Maximiano, da Precisa, e pessoas físicas. Segundo o senador Alessandro Vieira, que fez a revelação à jornalista Miriam Leitão, são “movimentações sem lastro na realidade, compatíveis com processos de lavagem de dinheiro”.

O senador ainda comentou os próximos passos da comissão parlamentar após a volta do recesso. De acordo com ele, o ministro Braga Netto será convocado, uma vez que “fazia parte da cadeia de comando”. Vieira, no entanto, ressaltou que “alguns temem fazer a convocação do ministro” pela sua posição no Ministério da Defesa.

“A gente precisa ouvir essas pessoas e, se for o caso, responsabilizá-las sem nenhum tipo de preocupação com a questão de farda. No Brasil, ainda se tem muito medo dos generais, mas, quando ele ocupa um cargo civil, eu não posso dar um tratamento diferenciado”, disse.

Vieira também comentou que a CPI vai focar nos grupos de militares da reserva e do centrão, descritos como “o centrão” e “o centrão de fardas”, na fala do senador. “Brigaram nas entranhas do Ministério da Saúde buscando vantagens financeiras”, afirmou o senador.

Ele relatou que uma das razões para não investigar toda as peças que vem surgindo, como ex-secretário Airton Cascavel, é em função das limitações na atuação da comissão.

“A CPI não pode fazer busca e apreensão, interceptação telefônica ou negociar delação premiada. Isso tudo dificulta investigação de maior complexidade”, aponta.

A comissão formou um grupo de juristas para preparar um documento e dar um encaixe dos fatos e a tipificação penal, segundo ele. O professor Miguel Reali é quem encabeça o estudo.

Vieira ainda destacou que, a partir do relatório final da CPI, crimes de responsabilidade serão enviados à Câmara, enquanto crimes comuns seguem para a Procuradoria Geral da República. Ele ressaltou, no entanto, que o relatório poderá chegar no Tribunal Penal Internacional para avaliar o cometimento de crime contra a humanidade.

Sobre Jair Bolsonaro (sem partido), o senador disse que o país não pode esperar “até outubro de 2022 para saber se vai ter golpe ou não”. Por isso, ele entrou com uma interpelação judicial do presidente junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que ele diga que provas tem de fraude eleitoral. Bolsonaro prometeu que mostrará essas evidências em sua live de quinta-feira (29/7).

“O ataque diário é preparação para um auto golpe. Ele mente com foco, com organização. Usa a mentira como método. E tem objetivos. O principal é atacar a democracia. Não dá para tolerar dois anos de mentiras e ataques ao sistema de eleição”, finalizou.

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