Com o tema “Cultura e Empoderamento Escolar” o espaço cultural BemDito dá início ao projeto “BemDito Sião”, atividade de formação que visa atender jovens negros das periferias de Manaus, por meio de oficinas e rodas de diálogos, a fim de capacitar e introduzi-los nas artes integradas locais. Com isso, serão oferecidas pelo menos cinco oficinas aos estudantes de escolas municipais de Manaus.  As intervenções serão realizadas na Escola Municipal Prof. Sônia Maria da Silva Barbosa, localizada no bairro Cidade de Deus, Rua Monte Sião.

O bairro Cidade de Deus foi contemplado para a execução do projeto, por estar inserido na área de maior população autodeclarada negra do município, segundo o censo do IBGE (2010). Além de estar distante do centro da cidade e possuir alta criminalidade, fatores que dificultam o acesso dos jovens às artes.

“Através desse projeto nós buscamos proporcionar a esses jovens de periferia que são estigmatizados e discriminados a possibilidade de visualizar um outro mundo,  outras possibilidades. Através das oficinas oferecidas pela iniciativa,  buscamos que estes jovens sejam protagonistas de suas próprias histórias, escrevendo seus projetos e os desenvolvendo em suas comunidades, ou seja, desse modo oferecer oportunidade para que entendam o contexto de pobreza, violência e exclusão onde estão incluídos, e assim alcancem mudanças, bem como dar-lhe treinamento para que possuam meio de desenvolver atividades geradoras de renda”, explica Regina de Benguela, idealizadora da ação.

Realizado pelo espaço Cultural BemDito sua execução se dá devido ao apoio do Prêmio Conexões Culturais 2018, promovido pela Prefeitura de Manaus, através da Fundação Municipal de Cultural, Turismo e Eventos – ManausCult. O projeto conta sua ainda com a parceria da Pedra de Fogo Produções, Encrespa Geral e a Picolé da Massa.

As ações do projeto são desenvolvidas ao longo de dois meses, tornando viável acompanhar a evolução dos jovens a partir do conhecimento adquirido no projeto. Na primeira etapa que ocorreu em outubro deste ano,  as atividades abordaram o “Audiovisual: o celular como uma ferramenta artística”, em que os participantes receberão auxílio para produzir material de audiovisual, e assim exibi-los no Cineclub (atividade da terceira etapa. A atividade terá a cineasta Keila Serruya como facilitadora.

A música também se fez presente, através da oficina “Maracatu de baque virado”,  ritmo de cultura popular nascido em Recife-PE por negros escravizados no século XIX,  com o grupo Maracatu Pedra Encantada, em paralelo. O projeto contou, ainda, com intervenção de graffiti nas paredes deterioradas da escola, atividade que já foi realizada pela artista visual Kerolayne Kemblin.

Roda de Conversa – Para finalizar a primeira etapa, acontece nesta segunda-feira (23/11), uma roda de conversa sobre igualdade e legislação racial fará parte do projeto. A ideia, é dialogar sobre o racismo e para isso, é necessário alertar os jovens sobre os diversos aspectos envolvidos nesse contexto, para assim saberem como proceder e combater, a mediadora será a atriz e ativista negra Francine Marrie, moradora do bairro Cidade de Deus, juntamente com uma profissional jurídica.

Já a segunda etapa terá duração de um mês, no qual os participantes da oficina de audiovisual serão agrupados e acompanhados para produzirem vídeos curtos com tema livre. Espera-se, nesse exercício, criar uma rede artística na comunidade, incentivá-los a produzir e instigar a criatividade.

Na terceira fase ocorrerá uma oficina de artesanato com o objetivo de estimular o  empreendedorismo criativo para geração de renda; “Cineclub” com exibição de  documentário com tema relevante para o projeto, assim como o material produzido na segunda etapa; continuação da intervenção do graffiti, visando as contrapartidas do  projeto, principalmente para a escola que está com a estrutura desgastada, incluindo também os shows musicais dos artistas da cena independente da cidade, Eber Pirangy e da jovem Karen Francis, negra e moradora do bairro Cidade de Deus.

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