Com a pandemia que assolou o mundo neste ano, em virtude do coronavírus, a atuação virtual passou a ser a única forma de trabalhar para muita gente. Foi por meio da internet que o brasiliense Alexandre Oliveira viu a chance de levar seu talento no audiovisual para fora do país. Mesmo sem recursos financeiros, ele produziu o curta O Som das Cores, de três minutos, e está entre os concorrentes do My Rode Reel 2020, considerado um importante concurso deste segmento do mundo.

No filme, a narrativa conta a história da Lu, uma jovem que sonha em tornar-se cinegrafista e, pelas lentes de sua câmera de papelão, aborda a acessibilidade de uma forma inusitada, para levar à irmã, que é deficiente visual, a um novo mundo por meio de ruídos e sons do cotidiano de uma cidade grande.

Apaixonado por Brasília, onde nasceu, Alexandre incorporou na produção toda a percepção especial que tem sobre a capital. “Assim como a Lu, protagonista do filme, o Distrito Federal se dedicou muito a criar uma cultura que virasse referência no Brasil. Já ouvimos muito falar que a cidade não tem características e cultura próprias porque é muito recente, além de a maior parte das pessoas terem vindo de outros estados. Porém, ao menos na minha vida, existe um universo particular aos olhos de cada um. Somos amados e amantes de Brasília”, conta Alexandre.

O trabalho começou a ser desenvolvido no final de julho, quando Alexandre descobriu o concurso. O primeiro passo foi montar uma equipe e desenvolver um cronograma para conseguir finalizar a tempo. O diretor recorda que tornar o projeto uma realidade não foi tarefa fácil. “O processo criativo exige estudo e dedicação. Trabalho duro”, lembra.

O projeto é autoral e teve a realização sem incentivo financeiro, por isso exigiu um trabalho multidisciplinar dos envolvidos. Com o roteiro fechado, elenco selecionado, estética, objetos cênicos, equipamentos e a locações de set escolhidos, que foi a casa dos pais de um dos membros da equipe, as gravações começaram em setembro. “Trabalhamos incessantemente no estilo guerrilha durante 3 dias”, afirma Alexandre.

Da direção ao elenco, a equipe contava com cerca de 20 pessoas. “Todo mundo fazia um pouco de tudo. Quando não se tem verba é assim que se faz acontecer, porque normalmente temos menos pessoas do que o necessário para cada função, então todo mundo vai ajudando. No cinema, do produtor executivo até a pessoa que limpa o set tem sua função muito específica. Em produções autorais com baixo/sem orçamento, todos vão se ajudando e desempenhando múltiplas funções.

Depois das gravações, nada de sossego. A correria era para finalizar um trabalho com qualidade e que valorizasse o empenho de todos que se dedicaram. Quando o filme foi concluído, emoção. “Nunca vou esquecer o dia 6 de outubro, quando colocamos o curta na TV e assistimos. Literalmente choramos de felicidade ao ver o resultado”, relembra o produtor.

No My Rode Reel 2020, o curta Som das Cores está concorrendo em cinco categorias: o grande prêmio, drama, behind the scenes, sound design e votação aberta. O resultado da competição será divulgado no dia 12 de novembro. O grande prêmio do concurso é de US$ 200 mil, além de equipamentos para contribuir com a carreira dos vencedores. (Metrópoles)

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