A saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça representa a nona baixa no primeiro escalão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ainda fazem parte do governo, 15 ministros nomeados na posse em 1º de janeiro de 2019. Com informações de Metrópoles.

Em abril, foram dois ministros demitidos. Além de Moro, Bolsonaro exonerou o chefe da pasta da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Moro pediu demissão após discordar com a exoneração do diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo. O presidente publicou no Diário Oficial a saída do delegado, considerado o braço direito do ministro, e ainda não definiu um substituto para dirigir a PF.

Apesar de o próprio presidente ter enfatizado que a demissão se deu “a pedido”, aliados do ministro e servidores da PF negam a informação.

Crise com Mandetta.

Bolsonaro e Mandetta discordam sobre a forma de lidar com o combate à pandemia de coronavírus. O ex-ministro apoia medidas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos, que são constantemente atacadas por Bolsonaro. Mandetta também se negou a endossar o uso geral de cloroquina como remédio para a Covid-19, alegando que a ciência não tem indícios suficientes da eficácia do composto defendido por Bolsonaro.

Mandetta foi nomeado ministro da Saúde ainda no governo de transição, no fim de 2018. Nas eleições presidenciais, apoiou Bolsonaro. Após a vitória do então candidato do PSL, compartilhou vídeo no qual disse que foi um “alívio” saber que o eleitor “optou pela renovação” e declarou ter a certeza de que Bolsonaro fará um governo “democrático”, com o “poder técnico prevalecendo sobre o poder político”.

Durante uma entrevista no início do mês, Bolsonaro disse que ele e Mandetta estão se “bicando há algum tempo”. Em 5 de abril, sem citar nomes, o presidente disse não ter medo de usar a caneta com pessoas do governo que viraram estrelas.

Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, no último domingo (12/04), o ex-ministro afirmou que o brasileiro não sabe se escuta o presidente da República, Jair Bolsonaro, ou ele próprio, o ministro, ao seguir orientações para o combate à pandemia do coronavírus.

Relembre a seguir as baixas no primeiro escalão do governo Bolsonaro

A primeira baixa ocorreu logo no segundo mês da gestão Bolsonaro, quando o presidente demitiu o então secretário-geral da Presidência, Gustavo Bebianno. No lugar, assumiu Floriano Peixoto. A demissão de Bebianno ocorreu em meio a suspeitas de que o PSL, antigo partido de Bolsonaro, usou candidaturas laranja nas eleições de 2018.

Semanas antes da queda do ex-ministro, o jornal Folha de S.Paulo informou que, quando Bebianno presidia o PSL, o partido repassou o valor de R$ 400 mil a uma candidata à deputada federal de Pernambuco. Segundo o veículo, o repasse foi feito quatro dias antes das eleições, e ela recebeu 274 votos. Bebianno negou irregularidades em sua gestão.

Dois meses depois, em abril, foi a vez do então titular da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, ter a demissão anunciada. O substituto foi Abraham Weintraub, que coleciona polêmicas desde que assumiu a pasta. A mais recente delas diz respeito a erros na correção das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019.

No tempo em que ficou à frente do MEC, Vélez enfrentou uma “guerra interna” no ministério provocada por desentendimentos entre militares e seguidores do escritor Olavo de Carvalho. Ele ainda protagonizou uma série de polêmicas, entre as quais, afirmou que “a universidade não é para todos” e, em outra ocasião, disse em entrevista que “o brasileiro parece um canibal quando viaja ao exterior”. Depois, disse ter sido “infeliz” na declaração.

Em seguida, dessa vez em junho do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro optou por demitir o então titular da Secretaria de Governo da Presidência, Carlos Alberto Santos Cruz. Atualmente, no comando da pasta está o general Luiz Eduardo Ramos.

Santos Cruz foi demitido devido a supostas mensagens do ex-ministro em um grupo de aplicativo de troca de mensagens com críticas ao próprio presidente. O então ministro argumentou que não era o autor das mensagens, mas a demissão foi inevitável. A perícia, meses depois, confirmou a versão de Santos Cruz.

No mesmo mês, houve nova troca na Secretaria-Geral da Presidência. No lugar de Floriano Peixoto, que deixou a pasta para presidir os Correios, assumiu o atual ministro, Jorge Oliveira.

Floriano Peixoto substituiu o general Juarez Cunha, que teve a demissão anunciada por Bolsonaro após comportamento “sindicalista”. O ex-presidente dos Correios havia se manifestado contrariamente à privatização da empresa.

Em fevereiro deste ano, Bolsonaro exonerou o ex-ministro do Desenvolvimento Regional Gustavo Canuto para a Dataprev, estatal responsável pelo processamento de dados das aposentadorias. Foi a primeira baixa do ano. No lugar de Canuto, assumiu o então secretário especial de Previdência e Trabalho Rogério Marinho.

Uma semana após a baixa de Canuto, Bolsonaro realizou nova troca ministerial. Desta vez, exonerou o então ministro da Cidadania Osmar Terra, que voltou a atuar como deputado federal pelo MDB do Rio Grande do Sul.

No lugar de Terra, foi nomeado titular da Cidadania o então ministro-chefe da Casa Civil Onyx Lorenzoni. Na mesma ocasião, Bolsonaro escolheu o general Braga Netto para comandar a pasta antes chefiada por Lorenzoni.

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