Dando continuidade à série “Vozes da Educação de Manaus”, hoje transcrevemos aqui uma entrevista, feita pelo sistema de troca de mensagens (WhatsApp), com o professor Dr. Amarildo Menezes Gonzaga, como segue. 

Luís Lemos. Conte-nos quem é você. Onde e quando você nasceu? 

Amarildo Menezes. Sou um professor que ama o que faz. Nasci em Parintins, na década de 60. Venho de uma família de imigrantes nordestinos que, após terem passado por dificuldades nos seringais, desceram o Rio Solimões e fixaram residência na minha cidade natal. Sempre estudei em escola pública, superando muitas dificuldades financeiras e sociais, até chegar a realizar os meus sonhos. 

L.L. Quando você começou na educação? 

A.M. Iniciei no magistério nos anos 80, ensinando crianças em um barracão de chão batido, nos fundos da minha casa. Ao terminar o magistério, prestei concurso público e ingressei no Estado no ano de 1985. 

L.L. De lá para cá, qual é a maior mudança que você percebe? Poderia explicar? 

A.M. Do início da minha carreira até o presente momento, percebo muitas mudanças. Apesar de muitos avanços, tenho a impressão de que a escola não tem conseguido acompanhar. Muitos desafios precisamos enfrentar. 

L.L. Você se considera um profissional realizado? 

A.M. Escolhi ser professor porque é uma das formas mais brilhantes de ajudar as pessoas a descobrirem o mundo que está ao seu redor, a partir do exercício da leitura do mundo e da leitura da palavra. Nada paga encontrar com ex-alunos realizados em todos os aspectos. Tenho 36 anos de magistério e se tivesse que escolher ser professor, escolheria novamente. 

L.L. Quais são as suas influências pedagógicas, isto é, quais foram os autores que mais lhe influenciaram ou que lhe influenciam na formação acadêmica? Profissional? Humana? Espiritual? 

A.M. Já me banhei em vários rios durante minha vida acadêmica. Max, Gramsci, Hegel, Sartre e Paulo Freire, por algum tempo me orientaram. Depois de alguém tempo, conheci Capra, Maturana, Morin e demais teóricos me ajudaram a mergulhar no rio do paradigma emergente. Nele, venho sustentando minhas crenças. 

L.L. Com toda essa sua experiência na educação, conte-nos uma coisa interessante, pode ser pitoresca, que aconteceu com você. 

A.M. Do mais pitoresco ocorrido na minha profissão, posso considerar a realização de um sonho. Sou professor do IFAM há 27 anos. Iniciei ali atuando no ensino técnico. E meu sonho sempre foi fazer doutorado para idealizar a graduação e a pós-graduação na instituição. Nos anos 2.000, coordenamos a criação e implantação do primeiro curso de graduação, o Tecnólogo em Produção Publicitária. E uma década depois, coordenamos a criação e implantação do projeto de mestrado em Ensino Tecnológico, e atualmente o de Doutorado em Ensino Tecnológico. 

L.L. É possível ser professor e não gostar de ler?  

A.M. O que alimenta o espírito de um professor é a leitura. Sendo assim, com a sua ausência, não há como transformar vidas de outras pessoas, e tampouco incentivá-las a alimentarem seus espíritos. 

L.L. Você tem algum sonho profissional? Um projeto que desejaria muito realizar? Poderia contar? 

A.M. Estou em fase de desapego da profissão. Já se foram 36 anos de magistério. Pelas conquistas obtidas, e por ter atuado em todos os anos e níveis de ensino, estou abrindo meus braços para que a poesia venha e adentre em mim. Daí vamos ver o que virá. 

L.L. Poderia deixar uma mensagem para os seus colegas professores? 

A.M. A minha mensagem serve para todos, não só para os professores e é a seguinte: viva intensamente o momento, na crença que só levaremos o vivido. Somente assim, quando olhares para trás, não sentirás vontade de voltar. 

Luís Lemos é filósofo, professor universitário e escritor, autor do livro: “Jesus e Ajuricaba na Terra das Amazonas”.  

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