Olá Navegantes!

Conforme a gente tem conversado nas últimas semanas, estamos “ancorados” nos Transtornos do Neurodesenvolvimento. Hoje nos aprofundaremos sobre os Transtornos da Comunicação, que vão além de uma simples dificuldade pra falar. Vamos por partes.

Os Transtornos da Comunicação incluem déficits na linguagem, na fala e na comunicação. Parece tudo a mesma coisa, mas vamos (no bom amazonês) “ticar” os conceitos para entender melhor.

  • Fala é a produção expressiva de sons e engloba a articulação, fluência e a voz de uma pessoa.
  • A linguagem está relacionada à forma, função e uso de símbolos, seja por palavras faladas, escritas ou sinais.
  • A comunicação por sua vez inclui o comportamento verbal e não verbal que influenciam a outra pessoa com a qual se está comunicando.

Dito isso, os Transtornos da comunicação podem envolver um ou mais mecanismos, seja na fala, linguagem ou comunicação. E é justamente sobre eles que vamos dar um rápido “mergulho”.

Transtorno da linguagem é quando existem dificuldades persistentes na aquisição e uso da linguagem, como vocabulário reduzido, dificuldade de unir palavras, formar frases ou até mesmo para conversar.

A dificuldade na linguagem fica clara quando está muito abaixo da esperada pra idade e atrapalha de forma significativa o sucesso acadêmico, profissional e os relacionamentos. Por volta dos 4 anos de idade a capacidade linguística tende a ficar mais estável. Caso isso não ocorra é algo que deve ser investigado.

Para diagnóstico diferencial outras deficiências devem ser verificadas, como deficiência auditiva ou sensorial, deficiência intelectual, distúrbios neurológicos e regressão da linguagem, assim como variações culturais, entre outras.Histórico familiar positivo para transtornos da linguagem costuma estar presente, ou seja, esses transtornos são altamente herdáveis. Em famílias bilíngues também pode ocorrer atraso na linguagem.

Para finalizar o assunto de hoje, abordar rapidamente o Transtorno da Fala, que pode se apresentar de muitas maneiras diferentes, as mais comuns são:

  • Dislalia: acréscimo, omissão ou distorção na pronúncia dos sons;
  • Linguagem tatibite: a pessoa mantém de forma voluntária a linguagem infantil;
  • Disfemia: dificuldade na fluência das palavras e no padrão rítmico da fala, sendo a gagueira (transtorno da fluência com início na infância) o tipo mais comum;
  • Disfonia: alterações na qualidade ou emissão da voz, por fatores emocionais, de idade, de sexo, pelo abuso vocal ou pela respiração incorreta;
  • Afonia: é causada por maus hábitos na fala ou problemas de garganta
  • Afasia, Distonia: quando ocorre uma lesão cerebral responsável pela perda total ou parcial da capacidade de expressão, geralmente em casos de AVC, demência ou pelo envelhecimento;
  • Rinolalia: problemas na ressonância nasal, alterando o padrão correto da fala. Está relacionada a problemas de lábio leporino, nasais ou de fissuras palatinas;
  • Ecolalia: forma de afasia em que o indivíduo repete mecanicamente palavras ou frases que ouve.

Por fim, temos o Transtorno da Comunicação Social (Pragmática)que é quando persiste a dificuldade no uso social da linguagem, assim como seguir regras sociais, ou seja, a pessoa se comunica de forma inadequada para determinado contexto.

Tanta coisa né? Por trás de uma simples “dificuldade na fala”. Sempre que surgir qualquer dúvida a respeito, a criança ou indivíduo deve passar por avaliação multiprofissional. Existem dificuldades, por exemplo, que são causadas por episódios de ansiedade, como o mutismo seletivo. Mas esse assunto fará parte de outra de nossas viagens.

Semana que vem te espero aqui para falarmos sobre o Transtorno do Espectro Autista, que muita gente tem dúvidas. Não perca!

Até breve!

Syrsjane N. Cordeiro

Psicóloga pelo UNASP – SP, Especialista em Saúde Mental. Já atuou como psicóloga na prevenção e promoção de saúde na atenção básica (2014); na prevenção e promoção de saúde indígena no Alto Rio Solimões (2015); atuou também na área da assistência social, no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS).

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