O rapper e articulador cultural, Jander Manauara, está produzindo um DVD que mesclará música, sustentabilidade e poesia amazônica. As gravações das músicas ocorreram, mês passado, no rip-rap do bairro Redenção e no Espaço Cultural Tucandeira, no Tarumã. Intitulado “Do Rip Rap ao Flutuante”, o projeto tem a proposta contar (e cantar) sobre o fluxo das águas que cercam a cidade, mesclando falas de especialistas sobre meio ambiente, moradores e experiências vividas nessas águas. A proposta visa levar um alerta sobre a necessidade de cuidado e preservação de rios e igarapés da região.

O lançamento está marcado para o dia 15 de maio, às 15h, através do canal do rapper no YouTube. O projeto foi contemplado com o edital emergencial Prêmio Feliciano Lana – Lei Aldir Blanc, do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa.

Uma das locações escolhidas para a gravação do DVD foi a sede do Programa de Restauração Ecológica e Urbanização Sustentável da Amazônia (Reusa). Situado no bairro Redenção e construído no rip-rap do Igarapé do Gigante, o projeto beneficia um coletivo de aproximadamente 30 mulheres. No local, elas aprendem como ter uma nova fonte de renda por meio do artesanato e da reciclagem.

O coletivo não apenas sediou a gravação, como também criou a decoração do cenário sob a orientação da artista plástica Eliana Chaves, que ministrou oficinas para as mulheres do projeto. As folhas em tamanho humano, principal destaque do palco, foram todas feitas com garrafa pet. Um trabalho manual cuidadoso que exigiu da dona Cristina Pereira, diretora do projeto, e de sua equipe, atenção desde a pintura do plástico ao corte das garrafas em tiras finas, a fim de construir as peças.

Músicas

Legítimo representante do hip hop amazonense com 20 anos de trajetória na cena, Jander é conhecido por unir o rap com influências da cultura nortista. Suas letras são carregadas de regionalismo, críticas sociais e conscientização ambiental. Em seu novo trabalho, o artista quer explorar ainda mais essa relação entre a música e o meio ambiente, alertando para importância da preservação dos recursos hídricos da Amazônia.

Ao todo, o DVD “Do Rip Rap ao Flutuante” reunirá oito faixas, metade delas inéditas, que demonstram a facilidade do rapper em contextualizar o cotidiano urbano com a vivência amazônica. São elas: Flutuante, A Ponte, Amor de Robô, Mar Salgado, Pagar de Doido, Envenena a Flecha, Cheiro Bom e Indígenas de Amores.

Além da música, o projeto terá fragmentos documentais, trazendo o depoimento de quem hoje encabeça a luta para realizar o sonho de recuperar os igarapés da capital. “O processo de produção se divide em três partes. Duas delas são as gravações das músicas ao vivo, que ocorreram na plataforma do projeto Reusa, localizado no rip-rap da Redenção, e também no Espaço Cultural Tucandeira, no Tarumã. A terceira parte é um registro documental que trará depoimentos de historiadores, moradores de comunidades, representantes indígenas e do movimento sustentável em relação às águas da cidade”, explica o artista.

Entre os entrevistados, está a cantora e compositora, Márcia Novo, a líder comunitária e presidente do Reusa, Maria Cristina Pereira, a educadora e liderança indígena do Parque das Tribos, Cláudia Baré, a especialista em projetos de sustentabilidade e coordenadora de cinco edições da Virada Sustentável Manaus, Paula Gabriel, a engenheira ambiental e idealizadora da Sustental Projetos, Mariana Sena, o professor do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Welton Yudi, entre outros.

Os depoimentos serão intercalados com imagens captadas em locais como a Orla do Amarelinho e Feira da Panair, no bairro Educandos, a Feira da Manaus Moderna, e “braços” de igarapés nos bairros Novo Aleixo, São José, Comunidade da Sharp, entre outros.

Participações

O projeto “Do Rip Rap ao Flutuante” tem ainda uma extensa ficha técnica que une artistas plásticos, designers, beatmakers e a dupla musical base DJ Japão e João Paulo na percussão. Também se destacam as participações de Gui Cordel, Abner Viana, Denis L.D.O, Marcos Cileno, Xamã da Flauta e Guilherme Bonates resultando no que Jander classifica como “pororoca de linguagens”.

Para a gravação do DVD, o artista também recebeu o apoio de alguns parceiros, como Manart Galeria, Fronteira Imaginária, Orígenas Coletivo e Bosque da Ciência. A direção geral e produção é de Giuliana Fletcher e Pelabeira Produções.

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