Não faz muito tempo, acho que até os anos dois mil, no Brasil e em Manaus, as drogas eram coisa rara, “artigo de luxo”, não eram tão acessíveis. 

Atualmente as drogas estão em todas as partes, em todos os lugares, em todas as cidades, em todos os bairros, em quase todas as esquinas.  

Estudiosos apontam que o número de usuários de drogas ilícitas já somam 185 milhões em todo o mundo, ou seja, 3% da população mundial. 

Entre as drogas ilícitas mais comuns estão a maconha, o haxixe, as anfetaminas, o ecstasy, a cocaína e a heroína.  

Consumir drogas é uma opção que cada um faz para a sua vida. Mas saiba de uma coisa: quando o indivíduo torna-se um viciado, é difícil largar o vício. 

Hoje em dia os adolescentes e os jovens falam das drogas com a maior naturalidade. Alguns até defendem os supostos benefícios de se fumar um baseado. 

Estou escrevendo esse texto baseado num caso real. Há alguns dias, em sala de aula, eu fraguei um aluno defendendo a liberação da maconha. 

Na ocasião, tentei argumentar o contrário. Disse que a maconha ou o uso de drogas, seja ela qual for, causam mais danos ao organismo humano do que benefícios. 

Formei uma roda de conversa e todos puderam compartilhar suas opiniões, seus pontos de vista. Foi um momento, de fato, muito educativo. 

Porém, a turma parecia irredutível. Esse aluno tinha feito, literalmente, a cabeça dos colegas e eu me vi falando sozinho, parecendo um homem das cavernas. 

Quando terminou a aula, chamei esse aluno num canto reservado, para não expô-lo diante dos colegas, e lhe disse que queria falar com os seus pais. 

O aluno foi muito gentil e educado, disse-me que não tinha nenhum problema. Era só marcar o dia e a hora que eles compareceriam na escola.  

Na sala da pedagoga, em conversar reservada com os pais desse adolescente, eles me disseram que também faziam uso da maldita.  

Com mais de vinte anos na educação, eu nunca tinha atendido um caso assim. Geralmente os pais ficam surpresos quando descobrem que o filho é usuário. 

Tentei, também, persuadi-los de que as drogas destroem a vida humana, a sociedade, o futuro dos jovens, as famílias e quem mais sofrem são os parentes. 

Eles respondiam todas as minhas perguntas com um “sim”. Observei que eles eram “conscientes” dos problemas que as drogas causam na vida humana e na sociedade. 

Mas quando dei por encerrada à reunião, a mãe desse meu aluno me perguntou: “Professor, como eu posso sustentar os meus filhos sem trabalho?” 

Foi aí que eu entendi a forma como aquele estudante se relacionava com as drogas. Era algo mais natural do mundo, fazia parte de sua vida. 

Queiramos ou não, os problemas sociais, emocionais, econômicos, amizades… influenciam muito na hora de uma pessoa entrar para o mundo das drogas.  

O indivíduo usuário de drogas tem sua saúde pouco a pouco destruída e além de causar mal a si mesmo, ele acaba levando o problema para dentro de sua casa. 

O usuário de drogas acaba envolvendo a família, e a sociedade, pois uma pessoa sob o efeito das drogas perde o autocontrole e a capacidade de discernimento. 

O tratamento é demorado e requer muito mais esforça de vontade para parar do que evitar ter começado a utilizá-lo. 

 Para ajudar os meus alunos que ainda não estavam contaminados pelas drogas, as minhas aulas se transformaram em “aconselhamentos para a vida”. 

Sempre que eu tinha uma oportunidade lia com eles e para eles artigos científicos, passava filmes, indicava livros, fazíamos rodas de conversa. 

O primeiro texto que eu li com eles apresentava as principais doenças psiquiátricas causadas pelo consumo de drogas. 

O segundo artigo foi um estudo que mostrava os potenciais riscos da maconha para a saúde do coração e impotência sexual. 

Quanto à literatura, lemos e discutimos o livro “Vida de Droga” do dramaturgo e escritor brasileiro Walcyr Carrasco.  

Por fim, o meu aluno mudou o seu ponto de vista sobre o consumo da maconha, e a turma também. Não existe outro caminho. A saída é a educação! 

Luís Lemos é filósofo, professor universitário e escritor, autor do livro: “Jesus e Ajuricaba na Terra das Amazonas”.  

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