A Amazônia Brasileira registrou até 1º de maio deste ano pouco mais de dois milhões dos 14,7 milhões de casos de Covid-19 em todo o território nacional, com taxa de incidência em torno de 7,5 mil casos para cada 100 mil habitantes, acima da média nacional (6,9 mil casos/100 mil). Já as mortes, mais de 54 mil dos 406,4 mil vítimas fatais no Brasil, também aparecem acima da média, quando comparadas às taxas de letalidade na região, em torno de 195,4 para cada 100 mil contra 191,9/100 mil (taxa nacional).

Dados expressivos e preocupantes que levou o representante das Secretarias Municipais de Saúde a destacar, durante a Audiência Pública que debateu sobre a Política de Enfrentamento à Pandemia na Amazônia, na tarde da segunda (10), que a falta de atenção básica nessa região, em muito, contribuiu para a aceleração das contaminações e mortes.  

Ao mesmo tempo, a lenta vacinação no país, cuja previsão é vacinar todos os grupos prioritários com a segunda dose até setembro deste ano, de acordo com informações da Secretaria Nacional de Vigilância em Saúde, também não tem contribuído para reduzir essa curva epidemiológica, colocando fim à pandemia. Essa é a avaliação do deputado federal Zé Ricardo (PT/AM), autor desse debate realizado na Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e Amazônia (Cindra), na Câmara Federal, que cobrou ainda aceleração no Plano Nacional de Imunização contra a Covid-19 e mais disponibilidade de leitos de UTI para a Amazônia, principalmente para o Amazonas, considerando que é o estado que mais sofreu com a pandemia este ano.

 “Tivemos uma experiência dura e dolorosa. Por isso, queremos saber o que o Governo Federal está fazendo para evitar novamente essa situação, caso tenhamos uma terceira onda da doença, como apontam alguns pesquisadores, principalmente porque há uma grande demora na vacinação no estado. Precisamos entender o que o governo vai fazer sobre a questão da logística para chegar auxílio à população ribeirinha e demais povos floresta”, disse Zé Ricardo, chamando atenção para o fato de que nos municípios do interior do estado não há leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), e o sistema da capital Manaus não aguenta toda essa demanda, o que tem acarretado em filas de espera para leitos de UTIs.

Uma discussão específica sobre as ações para o combate à pandemia na Amazônia, pela sua peculiaridade, foi defendida por Charles Cézar Tocantins, vice-presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). E destacou que a região é a que tem a menor estrutura e investimentos na atenção básica à saúde. Lembrou também que em vários municípios de comunidades ribeirinhas há uma defasagem de informações, devido à falta do Censo Demográfico atualizado, o que implica na falta de investimentos suficientes na área da saúde. Para ele, a vacinação e o chamamento dos profissionais do Mais Médicos é a solução para o combate à doença na região.

Já o secretário Especial de Saúde Indígena (Sesai), Robson Santos, afirmou que o Governo Federal tem apenas obrigação com a saúde dos indígenas aldeados e colocou a responsabilidade com os indígenas que estão nas cidades para as Prefeituras. Ainda disse que a presidência tem repassado recursos aos municípios, de acordo com número declarado de indígenas. E, na avaliação dele, a vacinação na região está avançada, bem como a taxa de mortalidade de indígenas por Covid-19 vem reduzindo drasticamente em 2021, nesta segunda onda da pandemia.

No entanto, essas afirmações não condizem com as inúmeras denúncias recebidas pela Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Indígenas da Câmara dos Deputados, da qual Zé Ricardo é vice-coordenador, sobre a falta de ações efetivas no combate e controle da Covid-19. Além disso, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia (Coiab) também já denunciou que a doença já causou 760 mortes e infectou cerca de 33 mil indígenas desde o início de fevereiro deste ano, somente na Amazônia Brasileira. Portanto, vai continuar cobrando no Congresso Nacional mais vacinas e políticas efetivas de enfrentamento aos povos originários da Amazônia.

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