Dois amazonenses que estavam na Itália e voltaram para o Brasil no mesmo voo do empresário paulista, confirmado como a primeira vítima de coronavírus no Brasil, estão em Manaus e Susam confirmou, nesta quinta-feira (27), que monitora duas pessoas que estavam no mesmo avião do homem de 61 anos que testou positivo para novo coronavírus.

A informação foi divulgada durante entrevista coletiva sobre ações de prevenção e controle de epidemias por síndromes gripais do Comitê Interinstitucional, que coordena as ações de prevenção e controle de epidemias na Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM).

O secretário de Saúde, Rodrigo Tobias, afirmou que as duas pessoas não têm nenhum sintoma da infecção, mas estão sendo monitoradas.

Tobias, reiterou que a rede de saúde está preparada para atender possíveis ocorrências relacionadas ao novo coronavírus. “O sistema de saúde, basicamente o nosso sistema de vigilância e saúde, está muito atento com relação aos casos suspeitos. No caso específico dessas duas pessoas que são do estado do Amazonas e que estavam no mesmo voo que o caso ‘zero’, que é o caso do paulista que foi acometido pelo coronavírus, a gente então está fazendo toda uma visita constante, duas vezes por dia a gente faz a visita, então todos eles não têm sintomas, que fique claro. Ou seja, nesse caso específico eles não são considerados casos suspeitos”, afirmou.

Seguindo as diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde (MS), o monitoramento deve durar de 14 a 20 dias e está sendo realizado pela Vigilância Epidemiológica da FVS-AM, em conjunto com a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa).

A diretora- presidente da Fundação de Vigilância em Saúde, Rosemary Costa Pinto, disse que até o momento eles não apresentaram nenhum sintoma do vírus, mas estão em observação.

“Esses passageiros não têm sintomas, mas estão sendo acompanhados para saber se irão desenvolver alguns sintoma. Na eventualidade, essas pessoas vão ter coletadas amostras laboratoriais que vão ser examinadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública para o descarte de outros vírus respiratórios”, disse.

Um plano de contingência e atenção ao vírus foi montado no estado após a confirmação do primeiro caso de coronavírus no Brasil. De acordo com o governo, secretarias de saúde do Amazonas e de Manaus afirmam que Estado está preparado para enfrentar um eventual problema de saúde pública.

O grupo que coordena as ações de monitoramento é formado por órgãos estaduais, municipais e federais. As ações de prevenção e controle aplicam orientações do Ministério da Saúde, definidas por protocolos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e o comitê tem se reunido semanalmente desde que foi criado, em 28 de janeiro deste ano.

Vigilância Reforçada no Aeroporto

Por conta disso, o controle no Aeroporto Internacional de Manaus também foi reforçado, em parceria com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Nós temos no aeroporto um plantão da Anvisa de dois profissionais, em plantões de 24 horas. Então esses profissionais estão acompanhando a chegada principalmente dos voos internacionais e, sendo detectado algum paciente sintomático, é acionado todo o fluxo de atendimento e referência desse paciente e esse paciente vai passar por uma avaliação médicas”, explicou Rosemary.

Atuação conjunta

O Governo do Amazonas vem se preparando desde novembro 2019 e intensificando as ações em função das Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAGs), que costumam aumentar no período de chuva. Com esse objetivo foi criado o Comitê Insterinstitucional, que reúne representantes de diversos órgãos do sistema de saúde e parceiros das esferas federal, estadual e municipal.

“Nós nos antecipamos em função da epidemia que nós tivemos por vírus respiratório no ano passado e em função disso, quando começou o período chuvoso em novembro, nós começamos a nos reunir. Capacitamos profissionais da saúde, definimos novas técnicas, definimos novos protocolos para minimizar os riscos de uma nova epidemia por Síndrome Respiratória Aguda Grave pelos vírus que temos circulando aqui. Então a gente já vem num trabalho desde novembro, e com a entrada do novo coronavírus nós ampliamos esse comitê, nós temos um trabalho integrado entre as áreas de saúde”, frisou a diretora-presidente da FVS.

Para o atendimento de possíveis casos suspeitos de coronavírus, o Comitê definiu o Hospital Pronto-Socorro Delphina Rinaldi Abdel Aziz como a unidade de referência no Amazonas. Os casos clínicos identificados serão encaminhados e tratados naquela unidade. As demais unidades da rede estão preparadas para atender as outras síndromes gripais, como Influenza.

Conforme a Susam, notas técnicas com recomendações têm sido encaminhadas para todas as unidades da rede pública e privada da capital e do interior. Profissionais que atuam nas principais portas de entrada da rede de urgência e emergência – prontos-socorros, Serviço de Pronto Atendimento (SPA) e Unidades de Pronto Atendimentos (UPA) – também foram treinados para atendimento de casos suspeitos de Covid-19, seja através de simulados ou capacitações em serviços.

Nesta quinta-feira à noite, também será realizado na Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado treinamento para os profissionais de saúde voltado para manejo clínico de possíveis casos de Covid-19. Na próxima semana, haverá um novo treinamento por videoconferência para os profissionais do interior.

Cuidados no dia a dia

A transmissão do coronavírus, como a de qualquer síndrome gripal, costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva; espirro; tosse; catarro; contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão; contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos. Segundo a infectologista do Hospital Delphina Aziz, Mayla Borba, alguns cuidados básicos de higiene ajudam na prevenção.

“Para o dia a dia, para os pais, famílias, é toda vez que tossir, fazer a cobertura, usar o cotovelo ou o dorso das mãos, sempre que possível um lencinho e, depois disso, fazer a higienização com o álcool em gel, nessa técnica correta. Essas são as recomendações que a gente deve fazer todos os dias, independentemente se está tendo algum surto de alguma doença viral ou não. Essa é uma forma de a gente conseguir se proteger para vírus e bactérias, não só do Influenza, não só de coronavírus, mas de diarreia e de outras causas. Então a recomendação é sempre a mesma: lavagem adequada das mãos e a etiqueta da tosse”, disse.

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