A comunicação é, hoje, uma das principais ferramentas usadas pela Igreja Adventista do Sétimo Dia para compartilhar a mensagem bíblica. Mas, para alcançar tal patamar, foi preciso percorrer uma verdadeira jornada. Nela destacam-se as  contribuições de diversas pessoas. Por isso, a Agência Adventista Sul-americana de Notícias (ASN) inicia esta série de entrevistas, que memora o trabalho desses indivíduos na expansão da comunicação adventista.

“Não importa o seu departamento, mas faça comunicação”

Esta frase acompanhou toda a carreira profissional de Siloé João de Almeida. Ele cursou Teologia, Administração Hospitalar e Jornalismo. Na organização adventista, iniciou como diretor de escola, dirigiu quatro hospitais, participou da fundação do Programa Adventista de Saúde (Proasa), atuou como secretário ministerial na região central do Estado de São Paulo, treinou profissionais e contribuiu com conteúdos na primeira década de expansão da Rede Novo Tempo de Comunicação em oito países sul-americanos.

Durante a 56ª Assembleia Mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia, em Utrecht, na Holanda, foi nomeado diretor de Comunicação para a América do Sul, cargo que exerceu de 1995 até 2005. Hoje, jubilado, é vice-presidente do Gospel Outreach (IDE-GO Brasil). Casado com a professora Marisa, tem três filhos e seis netos.

Acompanhe a entrevista a seguir sobre sua visão e legado como comunicador:

Quais eram os grandes desafios da comunicação adventista quando você assumiu o departamento?

Na época, essa área não tinha tanta força na Igreja. Também não existiam as assessorias de comunicação. Decidi investir, junto com os meus colegas, na criação delas. O que aconteceu? Os resultados apareceram e os outros departamentos passaram a pedir assessoria de comunicação para desenvolverem seus projetos.

Como surgiu a proposta de criar uma agência de notícias?

Em 1995, criamos a ASN com o objetivo de distribuir informações e conteúdo para o ambiente interno da Igreja Adventista no território sul-americano. Visava, também, atender o ambiente externo, alimentando os veículos de comunicação, exatamente como as grandes agências internacionais.

Aproximar a Igreja dos grandes veículos de comunicação foi uma das suas estratégias como gestor?

Desde 1980 eu já procurava intensificar a visibilidade da Igreja na imprensa. As grandes TVs do Brasil se abriram. O maior telejornal do País veiculou camporis sul-americanos, mutirões de Natal, congressos e ações jovens, projetos da ADRA [Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais], eventos da Educação Adventista… O mesmo ocorreu com revistas, rádios e jornais.

Essa abertura também privilegiou os hospitais adventistas?

Sim. Uma importante revista eletrônica destacou, por diversas vezes, o Hospital Adventista de São Paulo, a Clínica Adventista de São Roque [hoje Clínica Vida Natural], no mesmo Estado, e relatou cirurgias inéditas no Hospital Adventista Silvestre, no Rio de Janeiro.

Naquela época, você conheceu o jornalista e apresentador Cid Moreira, correto?

Sim. O Cid Moreira e eu nos tornamos amigos. Num dado momento, ele achou que eu deveria viabilizar a gravação da Bíblia, de capa a capa. Assim, no ano 2000, eu lhe apresentei o comunicador Sérgio Azevedo, que deu início à empreitada. Três anos depois, o doutor Agostinho Casarin Jr. e o filantropo doutor Milton Afonso se tornaram grandes parceiros deste projeto. Foram seis anos de milagres!

Qual é o seu sentimento em relação aos líderes que o precederam na comunicação da Igreja?

A nomeação para suceder o gigante pastor Assad Bechara na liderança da comunicação adventista na América do Sul foi uma surpresa. Ele fazia campanhas publicitárias perfeitas e mobilizava toda a juventude. Ademais, os pastores Roberto Azevedo, Arthur Valle e Domingos Peixoto eram minhas referências em comunicação e assuntos públicos.

A comunicação e a missão da Igreja estão conectadas?

Evangelismo e comunicação quase se confundem. A comunicação assessora o evangelismo, desde a concepção de uma campanha até depois do seu final. O produto mais desejado pelo ser humano é a salvação, e o evangelismo tem esse conteúdo.

A Igreja Adventista vem utilizando o slogan “Uma voz de esperança”. O que isso fala a você?

Em minhas palestras, eu costumo dizer que o meio de comunicação é o homem, o resto é auxiliar. O que nós chamamos de mídia deve ser usado com sabedoria para levar a Mensagem, em qualquer época, em qualquer contexto. É por meio de cada um de nós que Deus manifesta o perfume de Jesus (2 Coríntios 2:14).

Pode-se dizer que a comunicação é uma ciência?

Sem dúvida! Para cada público-alvo a comunicação deve usar a linguagem, a abordagem e os veículos corretos, dentre outros fatores, para ter sucesso. Quando realizamos o primeiro congresso sul-americano de comunicação, em julho de 2003, usamos o slogan: “Comunicação – a ciência e os meios a serviço do Evangelho”.

O que a frase “não importa seu departamento, mas faça comunicação” representa para você?

Esta afirmação tem tudo a ver com minha experiência de vida, na administração de organizações e de grandes empresas. Empregar comunicação em tudo que você faz reduz custos e multiplica resultados.

Em tempos de pandemia, como ser elo da comunicação viva?

A pandemia é uma crise sem precedentes. Por isso, opte por linguagem própria para o momento. Crie novos canais de comunicação, além dos já existentes. As campanhas já conhecidas devem continuar, porém, use a criatividade para adaptar ações e mobilizações. Com informações de Notícias Adventistas.

Jael Eneas é pastor, músico e comunicador. Mestre em Teologia, durante 21 anos liderou o Ministério de Música, Comunicação e Educação em Associações e Uniões nas regiões Norte, Noroeste e Sudeste.

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