Veja – Ao menos 16 pessoas morreram em protestos contra o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, anunciado recentemente vencedor do Nobel da Paz de 2019. Os ator foram convocados pelo ativista Jawar Mohammed, antigo aliado de Ahmed que acusa o governo de tentar reprimir sua oposição e reivindica atenção do estado para demandas do grupo étnico Oromo – o mesmo do premiê, classificado como traidor.

Tensões tiveram início com a denúncia de que o governo retiraria o esquema de segurança da casa de Mohammed em Adis Abeba, capital do país, ameaçando assim sua integridade física. Os atos incluíram a queimada de livros do premiê vencedor do Nobel da Paz e diversos casos de violência, com barricadas no interior do país e confrontos entre manifestantes e policiais na capital.

Com a informação sobre as 16 mortes, Mohammed pediu calma a seus apoiadores. Em discurso a centenas de manifestantes agrupados próximo à sua casa em Adis Abeba, o ativista disse: “abram as estradas bloqueadas, limpem as cidades de barricadas, cuidem daqueles que foram feridos nos protestos e se reconciliem com aqueles com que brigaram”.

Ele manteve um tom de conciliação com o governo, dizendo que “não é hora de matarmos uns aos outros”, mas alertou seus apoiadores a continuarem alertas. “Se acalmem”, disse à multidão, “mas durmam com um olho aberto”.

Empreendedor no setor midiático e ativista do grupo étnico Oromo, o maior do país, Jawar Mohammed organizou protestos que ajudaram a levar Abiy ao poder no ano passado.

Abiy supervisionou rápidas reformas políticas após décadas de governo repressivo, recebendo elogios globais que culminaram na premiação na semana passada do Prêmio Nobel da Paz, após encerrar um conflito de décadas com a vizinha Eritreia.

No entanto, maiores liberdades desencadearam tensões há tempos reprimidas entre grupos étnicos etíopes, conforme líderes locais reivindicam mais recursos para suas próprias regiões. Nesta semana, Abiy acusou figuras da mídia não especificadas de promoverem interesses étnicos acima da unidade nacional.

Jawar Mohammed, antigo aliado do primeiro-ministro, mobilizou manifestantes do grupo étnico Oromo – o mesmo de Abiy. As manifestações são um teste decisivo para Abiy: se ele recuar, pode fortalecer Mohammed e outras figuras regionais. Mas a ampla violência pode manchar suas reformas.

 

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