O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), está disposto a tentar a Presidência da República em 2022 se conseguir a sustentação de várias forças políticas para a sua candidatura. Dino vem se transformando em uma das principais lideranças do campo da esquerda fora do PT. Antagonista do presidente Jair Bolsonaro, ele tem se reunido com personalidades do centro e da direita para discutir propostas e projeções para o país. Entre seus interlocutores está o apresentador Luciano Huck, outro possível presidenciável. As informações são de Veja.

Ele aposta que o segundo turno da eleição presidencial será entre Bolsonaro e um candidato apoiado pelo PT, mas admite que fará campanha para Huck se o apresentador se viabilizar para o segundo turno. “Não basta só votar”, afirma.

Na edição da revista desta semana, Dino faz um balanço sobre a sua administração no Maranhão, defendendo uma gestão que logrou êxitos no campo social, mas que tem se mostrado temerária em relação às contas públicas do estado. Na entrevista abaixo, o governador fala sobre o desejo de reunir diversas forças políticas em torno de um projeto presidencial. Caso não consiga, ele afirma que será candidato ao Senado em 2022.

O senhor tem sido apontado há algum tempo como uma liderança em ascensão no campo da esquerda. Antagonizar com o Bolsonaro ajudou na formação dessa condição? Considero essa classificação como uma consequência de um trabalho. Não é algo que eu busco como objetivo de vida. Meu foco continua sendo o Maranhão, então vejo que isso ocorre em função de um trabalho acumulativo. Eu fui juiz federal e deputado. Sou servidor público há 30 anos nos três Poderes. É um processo de acúmulo. Não é algo que faz a diferença na minha vida, eu toco como sempre toquei. Tenho posições claras e sempre acho que o diálogo é possível. Não busco ser um antagonista a Bolsonaro. Se ele me escolheu, então o desconforto é dele, não meu.

O ex-presidente Lula tem sido um empecilho para a formação de uma frente ampla? Pelo contrário. Acredito que o Lula concorda com minha visão, porque já demonstrou isso na prática em 2002 com a escolha de José Alencar como vice-presidente. Lula passou por um evento grave, trágico e abjeto, que foi uma prisão arbitrária. Essa prisão arbitrária cria uma série de sentimentos. No arco da história que vem para frente, eu não acredito que o Lula vá negar o que sempre fez. Ele sempre buscou amplitude. E nós só ganhamos eleições quando formamos amplitude. A resposta para a dificuldade de se formar frentes amplas não é negar a importância delas. Se fizermos isso, nos colocaremos no pior lugar que existe para a ação politica, que é o isolamento. Não se pode desejar o isolamento. O Bolsonaro só ganhou a eleição porque essa força se formou contra nós. Em condições normais, é impossível que uma pessoa tão despreparada seja eleita.

O senhor apoiaria Luciano Huck num eventual segundo turno contra o Bolsonaro? Outro dia, eu disse que se o segundo turno tivesse sido entre o Bolsonaro e o Geraldo Alckmin, eu teria feito campanha para o Alckmin. Não é só votar. Claro que, se o segundo turno for entre o Huck e o Bolsonaro, com certeza estarei fazendo campanha pelo Luciano Huck.

Uma candidatura de Luciano Huck seria competitiva para chegar ao segundo turno? Ainda não. Hoje, se houvesse eleições, seria o candidato do Lula contra o Bolsonaro. Mas, daqui a dois, dependerá de uma série de fatores, como o patamar da economia e o nível de desgaste do próprio Bolsonaro. Sem medo de errar, digo que é muito mais provável que a esquerda esteja no segundo turno do que fora dele. E aí estou falando da esquerda, do lulismo.

Sua candidatura à Presidência seria competitiva? O senhor planeja entrar na disputa para concorrer ao cargo ou como vice de alguém? Não existe candidatura a vice. Vice é uma escolha do titular. Eu só seria competitivo hoje se houvesse um conjunto de forças que sustentasse a candidatura. É um processo em curso, em andamento. Uma candidatura à Presidência pode se colocar se houver um conjunto de forças me apoiando. Você não disputa uma eleição majoritária sozinho. Eu ganhei a eleição de governador duas vezes porque tinha um movimento coletivo de partidos que me sustentou. Eu não ganhei porque sou bom. Se não houver esse conjunto de forças, então é claro que sou candidato ao Senado pelo Maranhão. E, se houvesse eleição hoje, o segundo turno seria entre Fernando Haddad e Bolsonaro, sendo que eu estaria novamente com Haddad, distribuindo panfleto nas ruas.

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