Todos os pacientes que vão iniciar tratamento de radioterapia contra câncer na região de cabeça e pescoço e/ou quimioterapia passam antes por uma avaliação odontológica, que é realizada pelos cirurgiões-dentistas que atuam no serviço de Odontologia da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Saúde (Susam).

De janeiro a junho de 2020, os cinco profissionais que atuam no serviço realizaram 590 consultas e 7.159 procedimentos de alta e média complexidades – extrações, restaurações, laserterapia, aplicação de flúor, procedimentos cirúrgicos, entre outras. Os cirurgiões-dentistas trabalham de segunda a sexta-feira, prestando atendimento ambulatorial e, quando solicitado, atuam na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e enfermarias em beira-leito.  

Uma das pacientes atendidas foi Maria Raimunda Pereira dos Santos, 52 anos, que iniciou o tratamento de um câncer de mama no mês de março deste ano. Como terá que realizar quimioterapia ao longo de seis meses, ela recebe todo o acompanhamento dos cirurgiões-dentistas que atuam no serviço de Odontologia. 

“Quando cheguei à Fundação, fui muito bem acolhida por todos os médicos e, principalmente, pela dentista Perla. Tive um atendimento maravilhoso e agradeço a Deus por isso. Foi um susto o momento da descoberta do câncer, fiquei bastante abalada. Mas com os pensamentos positivos da minha família, amigos e de todos aqui, tenho conseguido superar o que estou passando”, destaca Maria Raimunda.

Início do tratamento – A gerente do serviço de Odontologia, Perla Assayag, explica que a odontologia tem ampla atuação no tratamento de câncer, que envolve desde a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de boca até o acompanhamento do paciente durante o tratamento radioterápico e quimioterápico, assim, prevenindo e tratando as complicações bucais decorrentes das terapias.

Cirurgiã-dentista, Perla Assayag diz que os pacientes só iniciam o tratamento após a declaração de apto dada por um dos cirurgiões-dentistas. “Analisamos a estrutura bucal – dentes, língua e gengivas-, quando preciso, realizamos as intervenções necessárias, por exemplo, restaurações e extrações. Também os orientamos sobre higienização, cuidados com os dentes e fazemos aplicações de flúor”, salienta.         

Eliminação de focos – Devem ser eliminados os focos infecciosos da boca do paciente, pontua a cirurgiã-dentista da FCecon, Lia Mizobe Ono, pois são porta de entrada para outras doenças. “Extraímos os dentes ruins para se evitar o aparecimento, por exemplo, de osteorradionecrose nos ossos da maxila/mandíbula, que é uma infecção crônica, dolorosa que necrosa após a radioterapia”, informa.

Segundo Lia Mizobe, as orientações sobre higiene oral ajudam a evitar mucosites orais, que são lesões semelhantes a aftas que aparecem durante o tratamento oncológico. Ela explica que, quando não cuidadas, podem levar à internação do paciente devido à incapacidade de se alimentar.

No caso dos pacientes em quimioterapia por qualquer tipo de câncer, Lia Mizobe orienta que o ideal é que seja feita uma avaliação pré-quimioterapia. Ela alerta que qualquer infecção odontológica que ocorra durante o tratamento pode acarretar em uma infecção maior e, assim, causar prejuízo ao paciente devido ao status imunológico.  

Fatores de risco – Cigarros e bebidas alcoólicas são considerados fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço. “Fumantes são mais propensos a desenvolver câncer de boca e orofaringe (garganta). Associado ao consumo de bebidas alcoólicas, o risco é ainda maior, por isso, esses pacientes devem se acostumar a examinar a boca durante a higiene oral e qualquer alteração, procurar um especialista”, orienta Perla Assayag.   

Novos casos – Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), são estimados 15.190 novos casos de câncer de cabeça e pescoço para 2020, sendo 11.180 em homens e 4.010 em mulheres.

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