Alexander Abrão, filho de Chorão, desabafou sobre os desafios de administrar o legado do Charlie Brown Jr e a relação conflituosa que tem com os guitarristas Marcão e Thiago Castanho. Ao G1, o herdeiro diz que sempre concordou com as demandas dos ex-colegas do pai e que os dois tentaram registrar marcas da banda e até entraram com um processo na justiça sem conversar com ele antes.

Ele conta que após trabalharem juntos em um projeto, “para devolver o Charlie Brown Jr. aos palcos”, Thiago e Marcão deram entrada no INPI [Instituto Nacional de Propriedade Industrial] com marcas que seu pai já tinha. “CBJR, C.Brown Jr. Até Charlie Brothers, que meu pai não tinha. Pô, Charlie Brothers. Eram coisas assim: Charlie Brown 30 anos, Charlie Brown isso e aquilo. Eu falei: ‘gente, o que que tá acontecendo?’”, revela.

“Ao mesmo tempo, comecei a ter uma discussão com o empresário da época, o Branco. Ele vinha botando uma pressão em cima de mim para eu licenciar o nome do Charlie Brown Jr. para ele. Trabalho com licenciamento desde 2013, sei que não é assim. A banda sempre foi feita através do escritório do meu pai. Sou sócio do escritório do meu pai desde antes de ele falecer”, diz.

O empresário revela que o pai queria seguir carreira solo em 2005, quando a banda brigou, mas o presidente da gravadora EMI o impediu. Chorão então decidiu comprar os direitos da banda dos outros músicos e, para levantar o dinheiro, fez uma dívida ‘impagável’ com a gravadora, que é descontada até hoje.

“Em 2005, quando teve a ruptura do Charlie Brown e saiu o Champignon, Marcão e Pelado, meu pai queria fazer um projeto solo chamado Chorão Skate Vibe. Só que ele tinha um contrato muito pesado com a EMI. O Mainardi, que era presidente da gravadora, falou: ‘Pô, você vai fazer projeto solo o caral**! Tu é o Charlie Brown, tu não é o Chorão’. Aí meu pai comprou dos outros músicos os direitos artísticos, de marca, de imagem. Através disso ele virou o dono da banda”.

Desde que meu pai faleceu, uma das pessoas que trabalhava com o meu pai falava: ‘O Chorão tem uma dívida impagável com a EMI’. Até hoje essa dívida impagável está aí. A gente paga de pouquinho em pouquinho, porque retém os direitos artísticos. Isso é uma coisa que ninguém sabia.

Na entrevista, Alexander também falou sobre a relação conflituosa que o pai mantinha com os colegas de banda. “Realmente, meu pai sempre levou o Charlie Brown Jr como uma coisa muito dele. ‘É do meu jeito e vai ser do meu jeito’. Eu não penso assim (…) Estamos editando um livro que meu pai começou. Sempre que brigava com alguém, ele falava: ‘Não quero mais o cara no livro’. Ia lá e riscava o rosto das fotos. Uma dessas pessoas foi o Heitor. Eu não concordo. Peguei o telefone e falei:’ Heitor, meu pai te tirou, mas quero te colocar, porque você faz parte da história’. Charlie Brown era a vida do meu pai, e sempre vou continuar trabalhando dessa forma. Seja com eles de preferência, ou seja sem eles”, disparou.

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