Folha de S.Paulo – Depois de três anos seguidos em que os campeões brasileiros foram apenas mais do mesmo, embora legítimos vencedores, eis que esta temporada se despede em vibrantes cores rubro-negras. 

Como o velho Santos, guardadas todas as óbvias proporções, o Flamengo de 2019 alegrou sua gente ao atropelar desafiantes sem a menor cerimônia e deixou feliz ainda alguns poucos rivais ao, nas poucas vezes em que perdeu, ser também atropelado, como aconteceu nos jogos contra o Bahia (0 a 3) e Santos (0 a 4).

O velho Santos era assim. Saía pelo mundo goleando campeões europeus e sul-americanos, chegava ao Brasil de volta aos pandarecos e levava goleada de um time qualquer no Paulista. Nada, porém, que o impedisse de ganhar o título.

Difícil a escolha do melhor goleiro entre Weverton, Diego Alves e Santos, do Athletico-PR.

A coluna fica com o palmeirense embora aceite críticas dos rubro-negros, tanto os do Rio quanto os do Paraná.

Rafinha parece unanimidade e é dele o lugar na lateral-direita.

Dura a eleição do zagueiro para fazer companhia a Rodrigo Caio, porque os dois santistas, Gustavo Henrique e Lucas Veríssimo, mereceram a vaga.

Como já teremos um Henrique no ataque, e quase outro, homônimo no meio de campo, e em homenagem ao gênio da raça, o escritor gaúcho Luis Fernando, a coluna fica com Veríssimo, com o acento que o filho de Erico, como o pai, não tem.

A lateral-esquerda quase escapa de Filipe Luís, desgastado nos últimos jogos. Jorge, do Santos, o ameaçou, mas não o bastante.

O meio de campo da coluna é atrevido e todo vermelho e preto, composto pelos flamenguistas Gerson e Everton Ribeiro e pelo excelente e jovem Bruno Guimarães, do Athletico-PR.

Assim como o trio atacante é todo rubro-negro, sem nenhum intruso: Arrascaeta, Gabigol e Bruno Henrique, o melhor jogador brasileiro de 2019, incluídos os espalhados pelo mundo. Dudu sobrou…

Outra unanimidade é a revelação goiana, Michael.

Resta eleger o melhor treinador entre os Jorges lusitano e argentino.

A maior façanha coube a Sampaoli ao levar o Santos ao vice-campeonato e fazer jogar como nunca tanto o veterano uruguaio Carlos Sánchez quanto o jovem venezuelano Soteldo.

Jesus, no entanto, em meio ano, fez o que fez, razão pela qual é o escolhido.

Cabe ainda menção honrosa a Tiago Nunes, cujo único pecado foi o de prometer vencer o Boca Juniors, na Bombonera, e não passar nem perto disso, nas oitavas de final da Libertadores.

Tivemos um Campeonato Brasileiro depois de muito tempo em que não cabe dizer ter sido nivelado por baixo, porque Flamengo, Santos e Athletico elevaram o nível ao proporcionar não apenas bons espetáculos, mas vitórias empolgantes.

Tudo que podemos desejar para 2020 é ver o exemplo deles frutificar para enterrar o maldito resultadismo, prática medíocre capaz de passar atestados de incompetência para tantos treinadores consagrados ou em vias de.

O frescor do trio haverá de prevalecer para fazer do balanço de 2020 novo alento com vistas à Copa do Mundo no Qatar.

Embora tudo indique a continuidade da supremacia da Gávea internamente e a européia pelo mundo afora.

Que 2020 siga em frente. Até doer.

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