A Fundação Alfredo da Matta (Fuam) está realizando visitas domiciliares aos pacientes de hanseníase faltosos, que têm deixado de comparecer às unidades de saúde. O objetivo da ação, realizada em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa/Manaus), é evitar que os pacientes interrompam o tratamento para a doença, já que precisam ter uma dose mensal da medicação, de forma supervisionada, além de receberem medicamentos em comprimidos para o restante do mês.

“Em função da pandemia do novo coronavírus, alguns pacientes não têm comparecido para tomar a medicação supervisionada, que é mensal, nem têm levado seus comunicantes para os exames dermatoneurológicos, um acompanhamento de rotina para aqueles que mantêm convívio com um paciente em tratamento e uma importante medida para detecção precoce de possíveis novos casos”, explica o chefe do Departamento de Controle de Doenças e Epidemiologia (DCDE) da Fuam, José Yranir do Nascimento.

Segundo José Yranir, as visitas estão sendo realizadas pela equipe da Fuam duas vezes por semana, sempre às terças e quintas-feiras, para pacientes moradores da zona centro-sul de Manaus, área da cidade que ficou sob responsabilidade da Fuam, em acordo com a Semsa/Manaus. Todos os meses, 16 pacientes são assistidos pela equipe, que aproveita a visita para fazer os exames de contatos – ou seja, pessoas que mantém convívio diário com um paciente em tratamento.

As demais zonas da cidade são cobertas pelas equipes municipais, por meio do Programa Saúde da Família (PSF), atividade que já é rotina para o programa.

“Estamos resgatando os pacientes faltosos, que não tem comparecido, talvez pelo medo de sair de casa, levando a medicação, informando a importância do tratamento regular e fazendo exames nos comunicantes”, explica José Yranir.

A visita domiciliar a pacientes não é novidade para a Fuam, mas, com a pandemia, a necessidade dessa ação aumentou, pois houve um acréscimo no número de pacientes faltosos.

Além da medicação, são realizados exames dermatoneurológicos tanto nos pacientes como em seus contatos para monitorar se não há novos casos da doença em um mesmo domicílio, nem surgimento de algum comprometimento neural do paciente, por exemplo. Este monitoramento é importante e faz parte do protocolo de tratamento, embora a cadeia de transmissão da hanseníase seja quebrada a partir do momento em que o doente inicia a medicação.

Para realizar a visita domiciliar, a equipe do Alfredo da Matta verifica os pacientes que não compareceram às consultas e entra em contato por telefone, comparecendo de forma discreta ao domicílio, com o cuidado de não constranger as famílias, que em sua maioria ainda temem pelo preconceito que possa surgir na vizinhança.

“Esta ação é uma campanha de resgate aos pacientes faltosos que vai sendo realizada conforme a equipe percebe a demanda, ao identificar pacientes que não compareceram à consulta, por isso trocamos informações com a equipe municipal e identificando esses pacientes”, explica José Yranir.

No mês de outubro, além de Manaus, o município de Iranduba será visitado nos dias 19 a 23, levando a supervisão, monitoramento e intensificação das ações do Programa de Hanseníase do Estado do Amazonas à localidade.

Tratamento não pode ser interrompido – O Sistema Único de Saúde (SUS) garante o tratamento e acompanhamento da hanseníase em unidades básicas de saúde e unidades de referência, como a Fuam. O tratamento é realizado com a Poliquimioterapia (PQT), uma associação de drogas e pode durar de seis meses a um ano.

“Os pacientes visitados são aqueles que fazem o tratamento poliquimioterápico multibacilar, que inclui uma dose supervisionada a cada mês, durante um ano, de dapsona (DDS), rifampicina e clofazimina; além dos 27 comprimidos de DDS e clofazimina para uso diário, em casa”, finaliza José Yranir.

Para sucesso do tratamento, a medicação não deve ser descontinuada, e o paciente é acompanhado periodicamente para avaliar a evolução do seu tratamento.

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