A TV Globo escolhe os Estados nos quais os jogos de futebol passam na TV aberta. Os times nem se importam com essa divisão. Para a emissora é 1 bom negócio. Para os clubes, péssimo.

O Campeonato Brasileiro teve 2 jogos transmitidos na quarta-feira desta semana (4) em TV aberta. A Globo escolheu São Paulo X Internacional e Fluminense X Fortaleza.

As equipes têm torcidas de tamanhos diferentes. Mas a divisão dos locais onde as partidas foram transmitidas não reflete essas desigualdades, como mostra este quadro:

É natural que a partida São Paulo X Internacional esteja na TV aberta nos Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul.

O mesmo vale para Fluminense X Fortaleza na Globo do Rio de Janeiro e do Ceará. Mas e nas outras 23 unidades da Federação? Aí está a vantagem da Globo e a perda para os times de futebol.

Tome-se o exemplo do Fortaleza. A equipe comandada pelo ex-goleiro Rogério Ceni tem perto de 100% de seus torcedores concentrados no Ceará (a maioria na capital). O Fluminense é quase desconhecido no Norte (de acordo com o Datafolha) e só tem 1% dos fãs de futebol do Nordeste e do Centro-Oeste. Ainda assim, a partida entre as duas equipes estava na Globo aberta em 15 Estados, sendo 5 do Norte e 5 do Nordeste.

Para a emissora, essa divisão é 1 grande negócio. Em Estados nos quais os jogos não estão na TV aberta, há mais apelo para vender pacotes de pay-per-view.

É legítimo que a Globo faça isso. A emissora paga pelos direitos de imagem e os contratos permitem que a TV transmita os jogos onde bem desejar.

PREJUÍZO PARA OS CLUBES

Os times brasileiros da série A receberam agora em 2019 perto de R$ 600 milhões da TV Globo pela venda do direito de imagem. Nesses contratos inexiste cláusula sobre exposição das marcas. Só há uma lista de jogos transmitidos em TV aberta –mas incrivelmente os clubes não exigem que as partidas estejam em todo o território nacional.

Ocorre que quanto mais exposta é uma equipe, em todas as regiões, mais acessível ficam esses mercados para venda de produtos licenciados (camisas, por exemplo) e captação de sócios-torcedores. Só que ontem São Paulo e Internacional (clubes que investem muito mais do que Fluminense e Fortaleza) não apareceram na TV aberta de maneira proporcional ao tamanho de seus empreendimentos.

POR QUE ISSO IMPORTA

Porque esse cenário é 1 dos indicadores (há inúmeros) de como a indústria do futebol é mal explorada e pessimamente organizada pelos próprios times.

Trata-se de 1 mercado riquíssimo. Oferece empregos, aumenta a renda no comércio e é fonte inesgotável de “soft power” para o Brasil. Quem nunca viajou ao exterior e ouviu “Pelé”, “football” ou “soccer” como demonstração de simpatia? Mas a predominância da TV Globo (por competência própria) e a incompetência gerencial dos clubes (problema histórico e atávico) impedem que algumas marcas valiosas do futebol brasileiro aumentem o seu marketing em todo o país.

O que poderia ser feito? Times com mais projeção e mais investimentos poderiam exigir ao negociar com a Globo que suas marcas fossem expostas nacionalmente. Qual a chance de isso acontecer? Zero. (Poder 360)

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