O governador do Estado de Nova York, o democrata Andrew Cuomo, foi acusado por uma segunda ex-assessora de assédio sexual.  Charlotte Bennett, que foi assistente executiva e conselheira de políticas de saúde no governo até sua saída, em novembro, disse ao jornal americano The New York Times que o governador a havia assediado no ano passado, durante o auge da luta do Estado contra o coronavírus.

Na quarta-feira, Lindsey Boylan, outra ex-assessora e atual candidata a administradora do condado de Manhattan, revelou novos detalhes sobre outro suposto assédio cometido pelo governador durante os quatro anos em que eles trabalharam juntos, algo que ele também negou ter ocorrido.

Bennett, de 25 anos, disse que o episódio mais perturbador ocorreu em junho, quando ela estava sozinha com Cuomo em seu escritório. Em uma série de entrevistas esta semana ao jornal americano, a ex-assessora disse que o governador fez inúmeras perguntas sobre sua vida pessoal.

Segundo ela, Cuomo a questionou se ela achava que a idade fazia diferença nos relacionamentos, e disse que estava aberto a relacionamentos com mulheres na casa dos 20 anos — comentários que ela interpretou como uma abertura clara para um relacionamento sexual.

Em uma declaração ao The New York Times nesse sábado, 27, Cuomo disse que acreditava ter agido como um mentor e “nunca fez avanços em relação à Sra. Bennett, nem teve a intenção de agir de forma inadequada”. Ele disse que havia solicitado uma revisão independente do tema e pediu aos nova-iorquinos que aguardassem as conclusões “antes de fazer qualquer julgamento”.

“Todos os membros do gabinete do governador irão cooperar plenamente. Não teremos mais comentários até que o relatório seja divulgado”, disse a advogada especial de Cuomo, Beth Garvey, em um comunicado.

Após a crescente pressão pelas denúncias, Cuomo se manifestou no domingo, 28, reconhecendo que pode ter feito comentários inadequados que poderiam “ter sido mal interpretados como um flerte indesejado”.

“Agora entendo que minhas interações podem ter sido insensíveis ou muito pessoais e que alguns de meus comentários, devido à minha posição, fizeram os outros se sentirem de uma forma que nunca pensei”, disse o governador em um comunicado. “Eu reconheço que algumas das coisas que eu disse foram mal interpretadas como um flerte indesejado. Na medida em que alguém se sentiu assim, eu realmente sinto muito por isso.”

Durante a semana, em uma carta no site Medium, Boylan detalhou episódios como um convite do político para jogar strip poker quando, em 2017, eles estavam viajando “no avião dele, pago com impostos dos contribuintes”.

Segundo a ex-assessora, na presença de outros colaboradores e de um segurança, Cuomo a imobilizou com os joelhos, sentado em frente a ela, propondo jogar essa modalidade de pôquer que obriga o perdedor a ir tirando peças de roupa. Em outra ocasião, em 2018, Cuomo teria beijado Boylan nos lábios quando eles estavam a sós em seu gabinete. No final do mesmo ano, ela pediu demissão.

As denúncias aumentam as crises que há meses vem afetando o governador. Em janeiro, a renúncia sucessiva de uma dezena de altos funcionários do Departamento de Saúde Pública revelou seus peculiares métodos de gestão da emergência, rejeitando os protocolos existentes, aprovados por especialistas, para em vez disso aplicar seu próprio modelo de vacinação, ao mesmo tempo em que desautorizava publicamente o critério dos sanitaristas. (Estadão)

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