Veja – Após meses de temperaturas altas, a Groenlândia perdeu 11 bilhões de toneladas da sua superfície de gelo para o oceano – o equivalente a 4,4 milhões de piscinas olímpicas – somente na quinta-feira 1º.
O degelo foi registrado pela cientista climática Ruth Mottram, do Instituto Meteorológico Dinamarquês.
The #Greenland #icesheet starts August as it ended July – 11 Gigatonnes lost on 1st: highest daily total of the #melt season so far
Melt season should ramp down over the month but forecast shows warm period continuing next few dayshttps://t.co/R2dc4Kkjgl pic.twitter.com/D1g7gD1kVx
— Ruth Mottram (@ruth_mottram) August 2, 2019
É comum que a camada de gelo da Groenlândia derreta durante o verão, mas a temporada de degelo normalmente começa no final de maio. Este ano, devido às altas temperaturas registradas no Hemisfério Norte, o fenômeno foi registrado desde o início do mês.
As temperaturas marcadas durante esta semana na ilha autônoma da Dinamarca estão entre 1 a 3 graus Celsius acima do normal para esta época do ano.
Só no mês de julho, a superfície perdeu 197 bilhões de toneladas de gelo – o equivalente a cerca de 80 milhões de piscinas olímpicas. A média dos últimos anos era de entre 60 e 70 bilhões de toneladas nesta mesma época.
Esta semana, mais de 60% da superfície total de camada de gelo da ilha estava derretendo, de acordo com simulações realizadas por modelos de computador. O degelo causou um aumento de 0,5 milímetros no nível do mar em todo o mês de julho.
Este é um dos maiores derretimentos da história da Groenlândia, após o recorde de 2012, quando 97% da camada de gelo da ilha experimentou algum degelo.
A situação é tão crítica que o calor tem feito com que geleiras da região se transformem em “cachoeiras”.
This is a roaring glacial melt, under the bridge to Kangerlussiauq, Greenland where it's 22C today and Danish officials say 12 billions tons of ice melted in 24 hours, yesterday. pic.twitter.com/Rl2odG4xWj
— Laurie Garrett (@Laurie_Garrett) August 1, 2019
A atual onda de calor também causou recordes de temperaturas altas em países como Bélgica, Alemanha, Luxemburgo e Holanda, enquanto a cidade de Paris registrou na quinta-feira 22 o dia mais quente da história, com os termômetros marcando 42,6 graus centígrados.
Segundo Clare Nullis, porta-voz da Organização Meteorológica Mundial (OMM), o ar quente que sobe do norte da África não somente superou recordes de temperatura europeus no dia 22, mas os ultrapassou em 2, 3 ou 4 graus Celsius, o que descreveu como “absolutamente inacreditável”.
O fluxo atmosférico transportou esse calor rumo à Groenlândia, e os enormes derretimentos foram registrados.
A cobertura de gelo da Groenlândia é parte crucial do sistema climático global, e seu derretimento provocaria a elevação do nível dos mares e um clima instável.
As ondas de calor cada vez mais frequentes e intensas estão ligadas à mudança climática causada pelo homem. “O que vimos nisto foi que os recordes de temperatura não foram só quebrados, foram estraçalhados”, disse Clare Nullis em um boletim de rotina da ONU em Genebra na segunda-feira 26.