Nascido em Cana Verde, cidade Minas Gerais com pouco mais de 5 mil habitantes, Gustavo Tubarão conquistou 360 vezes o tamanho de seu município no Instagram, onde acumula 1,8 milhão de seguidores . O jovem de 21 anos, que atualmente vive em Belo Horizonte (MG), não tem vergonha do seu sotaque e tampouco dos trejeitos que criação humilde na roça lhe deu. Com vídeos de humor repletos de regionalismo mineiro, Tubarão aposta na simplicidade para cativar o público.

Em uma conversa com Gustavo, que na verdade tem o sobrenome Almeida Freire, revelou que a produção de conteúdo para a web surgiu em um momento difícil de sua vida.

Gustavo era uma criança tímida e isso fez com que ele desenvolvesse síndrome do pânico ainda muito jovem. Além disso, se viu entrando em um quadro de depressão e ansiedade no último ano do ensino médio.

“Além da questão de não saber ao certo o que ia fazer da vida, na época tive que lidar com a perda de um amigo que faleceu. Para sair daquela situação, eu comecei a gravar vídeos. No começo era uma terapia para mim. Não dava nem 20 visualizações, mas eu ficava feliz de me ver conversando com a câmera, editando”, recorda.

E por que Tubarão?

A explicação para a alcunha escolhida como nome artístico é a menos provável possível.

“Tubarão é porque eu morro de medo de tubarão, mas Minas não tem praia. Eu tenho medo, mas adoro a pronúncia. Então não faz o menor sentido (risos)”, tenta justificar.

Apesar do nome criativo, ele garante que não vive um personagem nas redes. “Vivo falando que, na internet, a maioria das pessoas mostra muita mentira, tudo é muito artificial. Eu posto o que eu sou mesmo! Quando estou triste, eu falo que estou”, pontua.

Made in roça

De botina e chapéu, Tubarão não tem a mínima vergonha de dizer que é um mineiro raiz e tenta desmistificar o estereótipo que as pessoas têm quando sabem que a pessoa veio de alguma cidade interiorana.

“As pessoas acham que se é da roça é feio, é bobo, não sabe ler e nem escrever, só que não tem nada disso. Eu saí da roça e tenho orgulho. Não estou nem aí. Creio que sirvo de referência para um tanto de gente, não só do interior de minas, mas das roças do Brasil inteiro, sudeste, nordeste”, defende.

Quando se fala em simplicidade, a avó é uma de suas maiores inspirações. Figurinha de sucesso em seu perfil, Dona Creuza, de 72 anos, por timidez, nunca teve o rosto filmado, mas os diálogos espontâneos que ela tem com o neto são suficientes para conquistar o público.

“Ela me ensinou a ser humilde e ser feliz com o que tenho. A vida inteira ela foi feliz e tratou minha mãe com muita humildade. Ela fala algumas besteiras vez em quando que eu acho muito engraçado”, diz o jovem.

Em alguns momentos, Dona Creuza implica com as tatuagens do neto e reclama quando ele aparece apenas para comer em sua casa. 

Mesmo com o grande alcance e acumulando mais de 1,8 milhões de seguidores no Instagram, o mineiro parece ainda descrente de onde conseguiu chegar. “Até hoje a ficha não caiu, nem mesmo quando o pessoal me para na rua”, revelou.

O que era uma terapia, tornou-se trabalho na rotina de Gustavo. Mas ele não nega que a essência do que o levou às redes, permanece. “Tenho prazer em postar os meus vídeos”, pondera.

Os projetos futuros do artista vão desde se apresentar em formado stand-up até promover palestras sobre síndrome do pânico, ansiedade e depressão, sempre usando o bom humor para cativar o público.

 
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