Veja – O homem que matou quatro policiais em Paris na quinta-feira 3 teve um “surto psicótico”, ouviu vozes e agiu de forma incoerente na noite antes do ataque, afirmou sua mulher em depoimento, segundo a imprensa local.

Mickaël Harpon, 45, foi baleado depois de esfaquear oficiais na sede da polícia no centro da capital francesa. O agressor trabalhava na Direção de Inteligência da polícia, na área de tecnologia da informação, segundo o ministro do Interior, Christophe Castaner.

A mulher do agressor foi detida pelas autoridades após o ataque para investigação. De acordo com seu depoimento, Harpon tinha desentendimentos com seus chefes.

Os investigadores ainda tentam estabelecer quais são os motivos exatos que o levaram a cometer os assassinatos, mas, a princípio, a pista principal é de um conflito pessoal.

Nascido nas Índias francesas, o agressor se converteu ao Islã há 18 meses, segundo uma fonte próxima ao caso. As autoridades abriram uma investigação por “homicídios voluntários”, sem intervenção da promotoria antiterrorista.

“Jamais demonstrou dificuldades de comportamento”, destacou o ministro do Interior, Christophe Castaner, que adiou uma viagem a Turquia e Grécia por causa da tragédia.

Inédito na história da polícia francesa, o ataque aconteceu no início da tarde dentro do quartel-general, um local emblemático, localizado no centro histórico da capital, perto da Catedral de Notre-Dame.

O homem iniciou o ataque “em seu escritório e continuou sua agressão em outros lugares da sede”, relatou Loic Travers, funcionário do sindicato Aliança Polícia Nacional, à emissora BFMTV.

“As pessoas corriam, gritando”, declarou Emery Siamandi, um intérprete que estava no prédio no momento da ocorrência. “Ouvi um disparo. Momentos depois, vi a polícia gritando, em pânico”, completou.

Harpon esfaqueou cinco pessoas; três homens e uma mulher morreram. Uma quinta pessoa ficou ferida e está em estado crítico no hospital.

O agressor era “um funcionário modelo, sem histórias”, com “mais de vinte anos de carreira” na sede da polícia, afirmou o delegado do sindicato.

O presidente francês, Emmanuel Macron, o primeiro-ministro e o ministro do Interior da França foram imediatamente ao local do ataque, na ilha de La Cité, no coração da capital. A área foi totalmente bloqueada ao tráfego e à circulação de pedestres.

O ataque ocorre no dia seguinte ao protesto de milhares de policiais em Paris, uma mobilização sem precedentes em quase vinte anos, em meio à preocupação da instituição com o aumento do número de suicídios e com a reforma previdenciária.

Segundo organizações sindicais, 26.000 pessoas participaram dessa mobilização. Existem quase 150.000 policiais na França.

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