Preso preventivamente por estupro de vulnerável e homicídio duplamente qualificado, o indígena Sateré-Mawé, Edno Miquiles da Silva, 20 anos, foi encontrado morto dentro da cela de isolamento na Unidade Prisional de Parintins na hora do café da manhã nesta sexta-feira (18/06). O corpo do acusado de abusar sexualmente, matar afogada e ocultar o cadáver da pequena Wemellyn Santos da Silveira, 05 anos, no Lago da Valéria, encontrava-se com rigidez cadavérica, de acordo com o delegado de Polícia Civil, Adilson Cunha, no momento da remoção para o Instituto Médico Legal (IML).  

Natural da aldeia Umirituba, Rio Andirá, o indígena Sateré-Mawé sofreu sucessivo espancamento, após cometer o crime, ser capturado por moradores da comunidade evangélica Betel, localizada na serra de Parintins, divisa do Amazonas, e entregue à Polícia Militar para condução à sede do município na noite de 13 de junho.

Em depoimento na Delegacia de Polícia Civil, Edno Miquiles confessou ter assassinado a criança, ao atraí-la com um celular para a beira do Lago da Valéria, consumar o abuso sexual, seguido de afogamento, e depois a amarrou com as próprias vestes embaixo d’água.

Foto: Gerlean Brasil

O indígena deu entrada na Unidade Prisional de Parintins no dia 16 de junho, onde ficaria sob custódia por 14 dias, protocolo de saúde adotado pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap). Devido à pandemia, na cela denominada ‘seguro’, passou por exame de Covid-19 que deu resultado negativo. Na noite de quinta-feira (17/06), o preso, com queixas de dores no corpo, precisou ser atendido no Hospital Padre Colombo, por necessidade de curativo nos ferimentos causados pelas agressões físicas sofridas no dia em que praticou o crime na comunidade da Valéria.

Na manhã desta sexta-feira, um carcereiro detectou o café intacto deixado na porta da cela e o encontrou sem vida próximo ao banheiro. O diretor do presídio, Tenente Aluízio Cerdeira, informou que não havia sinais de violação da cela de isolamento, monitorada por câmeras de segurança com sensor de movimento. A defensora pública, Enole Godinho, já havia solicitado a transferência do acusado para o sistema carcerário de Manaus. O delegado Adilson Cunha apontou duas hipóteses, preliminarmente: morte por hemorragia interna, devido às graves lesões de espancamento, ou possivelmente envenenamento.

Os técnicos do IML também verificaram que a morte do indígena teria ocorrido na madrugada e não apresentava sinais de violência recente, apenas do espancamento, o que descartou uma invasão interna na cela. “Tomamos conhecimento do crime que ele cometeu e com certeza ele seria punido da forma mais correta possível pela Justiça, mas o cidadão veio a óbito. Solicitei exames para coleta de material genético. No local não há indícios de que tenham arrombado e entrado para cometer um crime. O local estava preservado. Ele chegou medicado ontem por volta das 21h do hospital”, disse Adilson Cunha.

Artigo anteriorEm caso de cassação de chefe do poder executivo a eleição será direta ou indireta?
Próximo artigoCompanhia de Independente de Policiamento com Cães realiza cerimônia de passagem de comando