Aftas, rouquidão e dor de garganta que não cessam são sinais de alerta para os cânceres de cabeça e pescoço, destaca a Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), vinculada à Secretaria de Estado de Saúde (Susam). Neste mês, é celebrado o Julho Verde, uma campanha de conscientização e prevenção a este tipo de doença, que deve afetar 260 pessoas no Amazonas, em 2020, conforme o Instituto Nacional de Câncer (Inca).

O alerta é para homens e mulheres, que devem ficar atentos aos sinais no próprio corpo. Com o tema “Seu corpo é sua vida. Não o destrua!”, a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP) chama atenção para o paciente como responsável pelo seu corpo e protagonista da prevenção em saúde. A orientação é de que, se sentir algum sintoma ou apresentar lesão, o paciente deve buscar ajuda médica o mais breve possível.

Os cânceres de cabeça e pescoço são comuns na cavidade oral, como boca, lábios, língua e palato; na orofaringe, que compreende as amígdalas; laringe e tireoide, segundo o cirurgião e chefe do setor de cabeça e pescoço na FCecon, Felipe Jezini III. Para o Amazonas, são esperados 120 novos casos de câncer na cavidade oral, 90 de laringe e 50 de tireoide, somente no ano de 2020.

Sintomas – Um dos sintomas mais frequentes nestes tipos de câncer são feridas ou aftas na boca que não cicatrizam em até 15 dias, mas pelo contrário, sangram e se expandem. “Nesse caso tem que procurar ajuda médica. Às vezes, o paciente pensa, ‘É só uma afta que está demorando a cicatrizar’. E não é, é um câncer que está ali e está crescendo. Por isso o lembrete à prevenção de procurar sempre ajuda”, destaca Jezini.

São comuns também a rouquidão e a dor de garganta que não cessam. O médico da FCecon chama atenção para as lesões causadas pelo Papilomavírus Humano (HPV), o mesmo causador do câncer de colo uterino. No caso da região da orofaringe, que compreende as amígdalas, as lesões relacionadas ao HPV são geralmente pequenas, que começam com dor de garganta superior a 15 dias.

Autoexaminar-se – Conhecer o próprio corpo e se autoexaminar são dicas para que o cidadão perceba, em fase inicial, sinais de um possível câncer de cabeça e pescoço. “Assim como acontece na campanha da mastologia, da paciente estar se examinando, o paciente tem sempre que olhar a cavidade oral, examinar seus dentes, a sua boca, ver se encontra alguma alteração. A partir daí, olhando, percebendo, tocando seu pescoço, fazendo uma autoanálise, ele vai conseguir detectar muito mais precocemente do que depois que a lesão está mais avançada”, orienta o médico da FCecon.

Atendimento – O paciente que perceber algum desses sintomas deve procurar primeiramente uma Unidade Básica de Saúde (UBS), onde passará por consulta com um clínico geral. Odontólogos também conseguem identificar essas lesões durante atendimento de rotina.

Caso o paciente apresente lesão, como por exemplo aftas que não saram, o profissional de saúde o encaminhará para consulta com especialista e biópsia e, se for indicado, para o cirurgião de cabeça e pescoço.

Tratamento – Na FCecon, são tratados os casos já confirmados de câncer ou aqueles em que há forte suspeita da neoplasia maligna, onde será feita uma investigação.

Nos casos de câncer em estágio inicial, a primeira opção de tratamento é a cirurgia, porque com este procedimento se consegue fazer a ressecção do tumor sem causar muitos danos estéticos e funcionais.

Para lesões intermediárias ou muito avançadas, a indicação costuma ser a radioterapia ou o tratamento de radioterapia e quimioterapia em conjunto. O objetivo é tratar o paciente sem deixar muitas sequelas, como a retirada da laringe, o que deixa o paciente sem possibilidade de fala. Há casos graves também onde se torna necessário, devido ao avanço da doença, a retirada de partes da língua, o que causa danos funcionais severos.

Cuidados – Para evitar e prevenir os cânceres de cabeça e pescoço, a principal recomendação é não fumar e não ingerir bebidas alcoólicas, orientação que vale inclusive para todos os tipos de câncer. “A principal causa dessas lesões de cabeça e pescoço é o cigarro em conjunto com a bebida alcoólica. Então quanto maior a carga tabágica, quanto mais o paciente fumar, maior a chance de ele ter um câncer”, salienta Jezini.

Outro cuidado que o paciente precisa ter é quanto ao HPV, que pode ser adquirido via sexo oral. O médico da FCecon orienta que o paciente opte sempre por usar o preservativo e reforça a importância da vacinação contra o HPV para meninos dos 11 aos 14 anos e para meninas dos 9 aos 14 anos.

Aliadas a essas ações, a alimentação saudável, com ingestão de frutas e vegetais, e a prática de atividades físicas melhoram a imunidade e previnem diversos tipos de câncer.

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