Uma bebê de 11 meses está no meio de guerra judicial por adoção e vive um martírio desde que o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) ordenou que um casal homoafetivo a devolvesse para uma mulher que diz ser madrinha dela. Vídeos publicados por eles na internet acirram a briga. As informações são de Metrópoles.

Um novo capítulo da vida da bebê deve ser definido no próximo dia 15/3, data para a qual está marcada a próxima audiência, para que, no âmbito da Justiça goiana, haja uma decisão definitiva sobre o caso. A mãe biológica da bebê é dependente química.

Liminar do TJGO mandou o casal Juliano Peixoto de Pina e Johnatan Pereira de Araújo, que estão juntos há 12 anos, devolver a menina a Thays Veiga Miranda Lopes. Ela havia ficado com a criança por quase dois meses, de 16 de julho a 22 de setembro de 2020.

Juridicamente, segundo o casal, a mulher é classificada como “família acolhedora”, por apenas ficar com a criança temporariamente e não passar pelo trâmite formal de adoção, conforme prevê portaria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Após seis anos, a batalha

O casal, que mora em Pirenópolis, a 123 quilômetros de Goiânia, passou seis anos na fila de espera do Sistema Nacional de Adoção (SNA), cadastro obrigatório do CNJ para interessados em garantir lar e afeto permanente para criança vulnerável no país.

A guerra em torno da adoção da criança teve início antes de a bebê chegar, de fato, a Pirenópolis. Pina conta que houve resistência por parte da suposta madrinha da criança para entregá-la ao casal, mesmo com a expressa determinação da Vara da Infância e Juventude.

A mulher reclamou. “Fui surpreendida porque eu deveria entregar [a criança] para eles. Venho convivendo com ela e cuidando dela desde que ela nasceu, dando suporte para ela e outros irmãos”, afirmou, em vídeo publicado nas redes sociais. “Ela tem família, não é desamparada. Não tinha nenhum motivo para retirar ela daqui”, acrescentou.

A criança, então, passou a morar com o casal no dia 24 de setembro, mas, 12 dias depois, foi obrigada a ser entregue para a suposta madrinha. Ela teve o pedido atendido pelo Tribunal de Justiça para suspender, ao menos por enquanto, a decisão que autorizou a adoção, depois de relatar seu laço afetivo com a bebê.

“Sentimento de preconceito”

No entanto, segundo o casal, a decisão que determinou o retorno da menina é ilegal, já que, por lei, famílias acolhedoras não podem adotar criança abrigada. “O sentimento é de que tem um preconceito velado por sermos um casal homoafetivo”, reclamou Pina.

A mulher disse que conhece a mãe biológica da bebê e ressaltou que não faz parte do programa Família Acolhedora. “Não sou família acolhedora. Apenas assinei um comprovante no Cras [Centro de Referência de Assistência Social] de que a criança estaria comigo”, acentuou.

O Tribunal de Justiça informou que o processo corre em sigilo e confirmou que o julgamento do recurso está marcado para o dia 15 de março.

Artigo anteriorPonte Preta confirma quatro casos de covid-19 no elenco
Próximo artigoEm meio à pandemia, atividade econômica cresce no Norte e Centro-Oeste