Após perder em primeira instância processo contra a bailarina plus size Thais Carla após reagir a um conteúdo gravado por ela no qual ela dava dicas para que pessoas gordas possam fazer viagens de avião mais confortáveis, o comediante Léo Lins fez um vídeo para dar a sua versão do caso.

Cheio de outras piadas sobre gordos, ele iniciou sua explicação dizendo que, para a mídia, o “gordo virou um símbolo sacrossanto”. Segundo ele, com religião é possível fazer piada, mas não com quem está acima do peso.

“Eu estou recorrendo. Não divulguei dado pessoal nenhum. Outra mentira. Não sei do que estão falando aqui. Quando você coloca na balança da Justiça eu e uma gorda, para que lado a balança pesa?”, emendou.

Na versão dele, Thais não ganhou o processo de R$ 5 mil em primeira instância por gordofobia, “pois isso não está na lei”. “Conseguiram esse processo por uso indevido de imagem. E é uma condenação que 80% dos vídeos do YouTube podem sofrer. Quantas pessoas usam imagem de pessoas famosas e figuras públicas? Arrumaram essa brecha”, disse.

Na sequência, Lins afirmou que quer poder contar piadas e que o limite do humor está onde o humor acontece. “Se eu vir uma gorda na rua eu não vou fazer piada com ela. Mas no palco, no livro de comédia, sim. Pessoas não conseguem ter esse discernimento”, emendou.

Léo Lins usou boa parte de seu vídeo para contar mais uma série de piadas sobre pessoas gordas e no final mandou um recado sobre a ação judicial.

“Caso ela vença e eu tenha que pagar os R$ 5 mil quem ficará muito feliz é o McDonald’s. Espero que a condenação venha perto do McDia Feliz, pois assim vou me sentir ajudando crianças com câncer e não uma gorda a ter um infarto.”

ENTENDA O CASO

Léo Lins, da equipe do programa The Noite (SBT), foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia a pagar uma indenização de R$ 5 mil à dançarina. Também influenciadora digital, ela é conhecida por já ter dançado com Anitta e costuma usar as redes sociais para combater a gordofobia.

A ação foi movida após o humorista publicar, em março, um vídeo em seu canal no YouTube chamado “Excesso de Bagagem no Assento”. Nele, Lins reagia a um conteúdo gravado por Thais, no qual ela dava dicas para que pessoas gordas possam fazer viagens de avião de forma mais confortável.

A juíza Carolina Almeida da Cunha Guedes deu ganho de causa à bailarina por ela ter sido vítima de preconceito. Na decisão, a magistrada escreveu que Léo Lins “apresenta manifestada fobia e aversão às pessoas as quais não considera semelhante”. Ela deu um prazo de 48 horas para que o conteúdo fosse excluído, sob pena de pagamento de multa diária —atualmente o vídeo está como privado no YouTube, ou seja, pode ser visto apenas por usuários autorizados.

“Além de divulgar os dados pessoais e imagem, sem a autorização da autora, a expôs, ridicularizando-a com diversas frases preconceituosas, exalando inequívoca gordofobia, inclusive encorajando que as pessoas inscritas nas suas redes sociais publicassem mensagens igualmente ofensivas contra ela”, observou a juíza.

Na sequência, o juiz Francinaldo Santos Palmeira fixou o valor da indenização. Ele comentou em sua sentença que “não há dúvidas da ofensa sofrida” e disse que “liberdade de expressão não é um salvo-conduto para humilhar, expor a execração pública”.

A defesa do humorista chegou a tentar reverter o resultado, mas o pedido não foi recebido pela Justiça baiana. A sentença transitou em julgado, ou seja, não há mais possibilidade de recurso.

O fato foi comemorado por Thais Carla nas redes sociais. “Ganhei uma batalha judicial por gordofobia contra um humorista que além de usar minha imagem indevidamente, publicou um vídeo divulgando os meus dados pessoais e imagem, me ridicularizando com diversas frases preconceituosas e gordofóbicas”, escreveu.

“Essa foi a primeira vez que um juiz deferiu diretamente a condenação pela violação de gordofobia em primeiro plano, o que é um excelente ganho para todas pessoas gordas”, afirmou. “Meus advogados me ajudaram muito nesse processo, bem como minha família e meus amigos, me dando força para expor o caso e lutar pelos meus direitos.”

“E, agora, vocês já sabem: lutem pelos direitos de vocês!”, incentivou. “Espero que essa ação sirva para inspirar muitas outras pessoas. Ninguém pode nos ofender livremente e achar que ‘tudo bem’. Fiz isso não só por mim, mas por todas pessoas gordas que sofrem ataques. Não merecemos viver isso caladas!”. (Folha de S.Paulo)

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