A líder da oposição da Bielo-Rússia, Svetlana Tikhanovskaya, pediu nesta sexta-feira, 18, que a comunidade internacional tenha uma reação com a “maior firmeza” possível contra a repressão aos manifestantes no país. A mensagem gravada foi enviada ao Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU). 

A candidata presidencial refugiou-se na Lituânia desde que condenou e qualificou a reeleição do presidente Alexander Lukashenko como fraude em agosto, e interveio nesta sexta por videoconferência no encontro organizado a pedido da União Europeia (UE). 

“A situação na Bielo-Rússia exige atenção internacional imediata. Manifestantes pacíficos estão sendo detidos ilegalmente, espancados e estuprados. Alguns foram encontrados mortos”, disse Tikhanovskaya.

No poder desde 1994, Lukashenko venceu as eleições com 80% dos votos, segundo dados oficiais, e iniciou seu sexto mandato em meio a grandes manifestações nas ruas pedindo sua saída do poder e uma transição política. Eles têm sido brutalmente reprimidos.

“A amplitude e a brutalidade no uso da força pelo regime viola claramente as normas internacionais e a Declaração dos Direitos Humanos adotada pela ONU e pela Bielo-Rússia”, disse. “O fato de a Bielo-Rússia ter adotado esta Declaração significa que a comunidade internacional tem o direito de reagir com a maior firmeza quando as obrigações não são respeitadas”.

A União Europeia pediu uma “investigação aprofundada” das denúncias de abusos contra os manifestantes nos locais onde foram detidos e a ONG Human Rights Watch (HRW) pediu ao Conselho de Direitos Humanos que analise o assunto “sem demora”.

A Alta Comissária para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, também pediu na segunda uma investigação sobre as denúncias de tortura praticadas pelas forças de segurança depois de receber “relatos alarmantes sobre a repressão violenta e contínua das manifestações pacíficas”.

Após a reunião de sexta-feira, os 47 membros do Conselho decidirão sobre um projeto de resolução da União Europeia apelando para Minsk realizar “investigações independentes, transparentes e imparciais sobre todas as alegações de violações dos direitos humanos” e para que todos os culpados sejam levados à justiça.

O texto da resolução insiste na necessidade de iniciar um “diálogo” entre as autoridades bielo-russas e a oposição, defende o fim à repressão violenta dos manifestantes e a libertação dos presos políticos.

O debate em Genebra é intenso. A Rússia, aliada da Bielo-Rússia, já apresentou três alterações ao projeto de resolução. Por sua vez, o embaixador da Bielo-Rússia, Yury Ambrazevich, garantiu que a situação em seu país está “sob controle”. (Estadão)

Artigo anteriorArgentina ultrapassa marca de 600 mil casos do novo coronavírus
Próximo artigoCinéfilo ou não? Fabio Porchat diz que já viu 130 filmes durante quarentena