Queda na popularidade e o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) em relação à campanha de vacinação reacenderam as discussões sobre a possibilidade de abertura de um processo de impeachment. Com carreatas marcadas para este domingo (24/1), o Movimento Brasil Livre (MBL) — que teve papel importante na destituição de Dilma Rousseff (PT) — acredita que a parcela do país que quer o presidente fora conseguirá adicionar o fator social à equação que engloba um processo de destituição do chefe do Executivo.

Na avaliação de um dos líderes do movimento, o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), cada vez mais se criam condições para um impeachment, e esse seria mais parecido com o do ex-presidente e atual senador Fernando Collor (Pros-AL), que ocorreu em 1992, do que com o de Dilma, em 2016.

“Dilma caiu com base de 170 deputados, com formadores de opinião e veículos de comunicação sendo contrários ao processo de impeachment. De auxiliares leais ao projeto dele na Câmara, Bolsonaro tem entre 30 e 40 deputados, uma base muito menor, além de pouco apoio na imprensa. Acho que uma das maiores dificuldades que a gente tem agora é o fator social, por causa da quarentena, mas ao mesmo tempo joga a favor o fato de pessoas de diferentes aspectos políticos estarem defendendo a saída dele. É uma parcela muito significativa”, disse ao Metrópoles, em nome do movimento.

Para ele, a carreata marcada para este domingo (24/1), organizada também em parceria com o Vem pra Rua, outro movimento que atuou em 2016, vai ser um termômetro. “Uma coisa é o governo ter baixa popularidade e ser rejeitado, como era o governo Temer, outra coisa é você ter pessoas dispostas a saírem às ruas para derrubar o governo”, diz.

Cenário na Câmara

Entre os que defendem o impeachment de Bolsonaro, uma das discussões gira em torno da possibilidade de o futuro presidente da Câmara dos Deputados fazer uso de sua atribuição e aceitar investigar denúncia contra o mandatário. Nenhum dos candidatos tem esse compromisso como uma bandeira, mas, para Kataguiri, esse não é um grande empecilho.

“O impeachment nunca começa de fora para dentro. Dilma tinha o presidente do Senado, Renan Calheiros, como aliado. E os pedidos de impeachment começaram em março, mas só foram aceitos em dezembro, porque, apesar da situação de Eduardo Cunha, havia respaldo popular”, analisa.

Ainda na opinião dele, nenhum candidato à presidência das Casas no Congresso se elege com pauta de impeachment. “Depende muito de pressão de fora. Nenhum dos nomes que disputam as presidências segura um impeachment em qualquer hipótese”, diz.

O mercado econômico, de acordo com o parlamentar, está dividido. “Parte já entendeu que o governo Bolsonaro não tem capacidade de entregar reformas e privatizações, e outra parcela ainda nutre esperança de ter algum avanço, acha que o impeachment causaria problema na estabilidade e na bolsa.” (Metrópoles)

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