A médica oncologista Nise Yamaguchi, que passou da condição de testemunha para investigada pela CPI da Pandemia, decidiu processar o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), bem como o senador Otto Alencar (PSD-BA), médico e membro do colegiado.

Yamaguchi pede à Justiça uma indenização R$ 160 mil de cada um dos senadores por danos morais, o que totalizaria R$ 320. Os advogados da médica, no entanto, citam um valor de R$ 360 mil considerando correção monetária e juros após eventual sentença condenatória.

De acordo com a defesa de Nise Yamaguchi, os congressistas agiram “intencionalmente com morbo e com deliberada crueldade no escopo de destruir a imagem da médica perante toda a sociedade brasileira”. E que “atônita, viu um ser humano ter destroçada a sua dignidade enquanto médica, cientista e mulher.”

A alegação é que Nise teria sido humilhada durante seu depoimento à CPI no dia 1 de junho. Na ocasião, a médica citou estudo descontinuado para defender a cloroquina, remédio que não tem eficácia comprovada contra a Covid, e foi rebatida pelos senadores, principalmente por Otto Alencar, que é médico.

Na avaliação dos advogados, Omar Aziz foi “cúmplice” dos ataques à médica. “Percebe-se do tom de voz e do caráter intimidatório do senador Omar Aziz que esse foi cúmplice da desintegração moral da médica, posto que nada fez para impedir ou minorar a agressiva sanha de seu colega, sendo cúmplice e corresponsável pelos abusos suportados por Nise Yamaguchi.”

O senador Omar Aziz ao afirmou ao site Congresso em Foco: “Recomendo à doutora Nise que leia com atenção a nota que divulgamos hoje. Espero que lhe sirva para uma reflexão profunda sobre as consequências das atitudes que ela assumiu. Ao invés de processar a nós, que estamos trabalhando para salvar vidas, ela bem poderia processar na própria consciência a participação que teve na imensa tragédia que se abate sobre o povo brasileiro”.

Já Otto Alencar disse que ainda não foi informado sobre o processo e que, uma vez que seja, será a primeira ação a que responderá em 35 anos de vida pública.

“Usei da prerrogativa de senador, baseado no artigo 53 da Constituição Federal. Nunca desmereci a pessoa dela, chamei de senhora. Fiz perguntas que ela realmente não tinha conhecimento das respostas”, disse. “Não tenho denúncias no Ministério Público, nunca respondi processo pelas minhas ações como político e olha que fui governador, secretário”, apontou.

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