Algumas medidas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como a de conceder subsídio na conta de luz para templos religiosos de grande porte, e a de que pretende indicar um ministro evangélico para o Supremo Tribunal Federal (STF), demonstram a aproximação cada vez mais dele com os evangélicos que representam 29% dos brasileiros e podem ser o fiel da balança na campanha de Bolsonaro à reeleição, em 2022.

Também demonstra a aproximação de Bolsonaro com o deputado federal Silas Câmara (Republicanos-AM), o coordenador da Frente Parlamentar Evangélica, que disse que a concessão de subsídio na conta de luz para templos religiosos é “justa” e tem impacto “mínimo”.

Segundo Câmara, a medida não beneficiará apenas evangélicos, pois as igrejas não geram lucro. “Os templos religiosos só funcionam das 18h às 23h e é justamente nesse horário que as distribuidoras podem cobrar mais”, afirmou. “Fechem todas as 300 mil igrejas no Brasil em um dia para ver o impacto social e na segurança no dia seguinte.”, acrescentou.

De acordo com fontes do Fato Amazônico, Silas Câmara, pré-candidato à Prefeitura de Manaus, pode ser o candidato que contará com a bênçãos de Jair Bolsonaro.

“Não será o Coronel Menezes o candidato, mas o Silas”, disse a fonte, afirmando que a comprovação da aproximação com o deputado federal, coordenador da Frente Parlamentar Evangélica, não é apenas as medidas de Bolsonaro em relação ao evangélicos, mas também a vinda dele a Manaus e sua participação em um culto. O evento ocorreu dia 26 de novembro de 2019 no Centro de Convenções Canaã, situado na Avenida Rodrigo Otávio, bairro Japiim, Zona Sul da capital amazonense.

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O culto que tinha o objetivo agradecer a Deus pela vida do Presidente, serviu também para o juiz federal William Douglas, da 4ª Vara de Niterói (RJ) fazer sua campanha ao STF, que é amigos dos Câmaras.

Minuta Elaborada

A pedido do presidente Bolsonaro, uma minuta de decreto foi elaborada pelo Ministério de Minas e Energia e enviada para a pasta da Economia; mas a articulação provocou forte atrito no governo.

A equipe econômica rejeita a medida, que vai na contramão da agenda do ministro Paulo Guedes, conhecido por defender a redução de benefícios desse tipo. O Ministério de Minas e Energia confirmou que o assunto está sendo avaliado.

Segundo o Terra, embora o movimento seja para beneficiar templos religiosos de forma ampla, os evangélicos são o alvo da medida. A bancada desse segmento é hoje a principal base de sustentação do governo e Bolsonaro tem atendido suas reivindicações desde que assumiu a Presidência. A influência de líderes evangélicos sobre o Palácio do Planalto é cada vez maior e o próprio presidente já disse que quer tê-los por perto na administração.

Com essa perspectiva, muitos templos já anunciaram a disposição de ajudar Bolsonaro a coletar as quase 500 mil assinaturas necessárias para criar novo partido, o Aliança pelo Brasil.

Discussão teve início no ano passado

As discussões sobre a criação de mais benesses para igrejas começaram no fim do ano passado. A ideia do governo é diminuir a conta de luz dos consumidores conectados à alta tensão — ou seja, os de maior demanda, como catedrais e basílicas.

Consumidores residenciais e pequenos estabelecimentos são conectados à baixa tensão e, por isso, pagam uma tarifa de mesmo valor, independentemente do horário. Já edificações maiores, como supermercados e shopping centers, se ligam às redes na alta tensão e pagam tarifas mais caras no chamado horário de ponta, momento de maior consumo do dia.

Pela minuta de decreto em estudo no governo, os templos passariam a pagar tarifas mais baratas no horário de ponta, iguais às cobradas durante o dia. O valor que deixariam de pagar, porém, não “desaparece”: ele necessariamente passa a ser arcado por alguém.

Desde 2015, o Tesouro não paga qualquer subsídio no setor elétrico. Para bancar a despesa, seria preciso cortar outra de mesmo valor. Por isso, a alternativa em estudo para esses benefícios é que sejam custeados por outros consumidores — tanto residenciais quanto livres, via encargo chamado Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).

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