PORTAL R7 – Mulheres que experimentam menopausa prematura têm quase três vezes mais chances de desenvolver múltiplos problemas médicos crônicos a partir dos 60 anos, em comparação com mulheres que passaram pela menopausa aos 50 ou 51 anos.
A conclusão é de um estudo australiano publicado no domingo (19), na revista Human Reproduction, um dos principais periódicos científicos desse ramo no mundo.
Foram analisadas mais de 5.100 mulheres entre 1996 e 2016. Elas eram submetidas a questionários sobre a saúde a cada três anos.
Aquelas que afirmavam ter duas ou mais dessas condições eram colocadas no grupo de multimorbidade.
Durante os 20 anos de acompanhamento, 2,3% das mulheres experimentaram menopausa prematura (com 40 anos ou menos) e 55% delas desenvolveram multimorbidade.
Comparadas às mulheres que sofreram menopausa com idade entre 50 e 51 anos, as mulheres com menopausa prematura tiveram duas vezes mais chances de desenvolver multimorbidade aos 60 anos e três vezes mais chances de desenvolver multimorbidade a partir dos 60 anos.
Como a expectativa de vida é agora superior a 80 anos para as mulheres em países de alta renda, um terço da vida de uma mulher é gasto após a menopausa. Por isso, a importância em entender os fatores que podem interferir na saúde do público feminino nessa fase da vida.
Os pesquisadores dizem acreditar que este é o primeiro estudo a avaliar a ligação entre a menopausa prematura e o desenvolvimento da multimorbidade em um grande grupo de mulheres e com acompanhamento prospectivo a longo prazo.
A pesquisadora Gita Mishra, da Universidade de Queensland, principal autora do estudo, explica a necessidade de se considerar a menopausa precoce como fator de risco para o desenvolvimento de outros problemas de saúde.
“Nossas descobertas indicam que a multimorbidade é comum em mulheres de meia idade e de idade avançada. A menopausa prematura está associada a um risco aumentado de desenvolver multimorbidade, mesmo após o ajuste para condições crônicas anteriores e para possíveis fatores que poderiam afetar os resultados, como se as mulheres tiveram ou não filhos, quantas, educação, índice de massa corporal, tabagismo e atividade física.”
O estudo, no entanto, não mostra que a menopausa prematura é a única responsável pelas doenças, apenas que existe uma associação. Uma limitação do estudo é que os pesquisadores confiaram em informações declaradas pelas mulheres.
Os pesquisadores estão agora investigando quais fatores de risco podem ser direcionados para prevenir ou retardar o desenvolvimento de problemas de saúde em mulheres que sofrem de menopausa prematura.
Isso inclui melhorar a dieta e o exercício, não fumar, controlar o peso corporal, participar de atividades de estimulação mental e triagem regular de câncer e outros problemas médicos relacionados ao sistema reprodutivo.