Dezenas de milhares de manifestantes saíram às ruas neste domingo (30) em Minsk, a capital de Belarus, para protestar pelo terceiro fim de semana consecutivo contra a reeleição do presidente Alexander Lukashensko, apesar da grande presença de forças de segurança, que efetuaram dezenas de detenções. Com informações de AFP.

O presidente, de 66 anos, que está no poder desde 1994, enfrenta protestos diários desde as controversas eleições de 9 de agosto. A apuração oficial afirma que ele recebeu 80% dos votos, enquanto os críticos denunciam fraudes. 

Em 16 e 23 de agosto, a oposição reuniu quase 100.000 pessoas nas ruas de Minsk, apesar das pressões e ameaças das autoridades. Estas foram as duas maiores manifestações da história do país.

Apesar da grande presença das forças de segurança, que impediram que muitos opositores se aproximassem do local da manifestação, o centro da capital bielorrussa estava lotado, em particular da Praça de Outubro até a Praça da Independência.

Os manifestantes exibiam bandeiras vermelhas e brancas, as cores da oposição, e gritavam frases como “Vá embora” para Lukashenko.

Também se concentraram na frente do Palácio da Independência, a residência oficial do presidente. No telhado desse prédio, foram posicionados vários franco-atiradores de elite.

Um conselheiro do presidente tentou falar com os manifestantes, embora tenha rejeitado qualquer mesa de diálogo com representantes da oposição.

A assessoria de imprensa de Lukashenko divulgou uma foto do presidente com um colete à prova de balas e um fuzil de assalto na mão, como já havia feito no último fim de semana.

As forças de segurança prenderam 140 manifestantes, de acordo com dados do Ministério bielorrusso do Interior, citados por várias agências russas.

Desta vez, a polícia não recorreu às bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha, ou granadas de dispersão, ao contrário dos primeiros protestos registrados após a eleição de 9 de agosto.

Pressão sobre a imprensa

Ontem, as autoridades bielorrussas, sem apresentar explicações, retiraram as credenciais de vários jornalistas de meios de comunicação estrangeiros, incluindo AFP, AP, BBC e Radio Liberty. A decisão foi criticada por vários países.

Atualmente na presidência rotativa da União Europeia, a Alemanha disse, neste domingo, que convocará o embaixador bielorrusso em Berlim por esta medida, classificada como “inaceitável”.

Para a principal líder da oposição, Svetlana Tikhanovskaia, exilada na Lituânia, este é um “novo sinal de que o regime está em ruína moral e tenta se aferrar ao poder apenas pelo medo e pela intimidação”.

Desde o início do movimento de protestos, os jornalistas bielorrussos e estrangeiros são alvo de pressões e de breves detenções. As autoridades bloquearam o acesso aos meios de comunicação independentes e de oposição, enquanto a Internet sofre cortes intermitentes.

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