Folha de S.Paulo – Dilan Cruz, um jovem manifestante ferido por agentes da Colômbia durante um protesto, morreu na segunda (25), em Bogotá.

Cruz, 18, é a quarta morte devido aos protestos realizados na Colômbia desde quinta-feira (21). Houve também 500 feridos, entre civis e militares, 172 presos e 61 estrangeiros expulsos do país, sob acusação de vandalismo. A maioria dos deportados é venezuelana.

O jovem, estudante de uma escola pública, foi atingido na cabeça no sábado (23) por um artefato não identificado, lançado por um membro do esquadrão antidistúrbios, enquanto protestava no centro de Bogotá, de acordo com registros feitos em vídeo.

Após o incidente, foi iniciada uma vigília na porta do hospital onde ele foi internado. 

Depois de sua morte, houve panelaços e passeatas em vários bairros de Bogotá. Novos atos foram convocados para esta terça-feira (26). Os pais do jovem pediram aos manifestantes que evitem a violência.

O presidente Iván Duque disse lamentar profundamente a morte de Cruz e enviou condolências à família. 

Duque convocou para esta terça uma reunião com lideranças dos protestos na Colômbia, que se uniram no chamado Comitê Nacional de Greve. Os líderes, de diversos setores do país, atenderam ao chamado. 

As centrais sindicais rejeitam possíveis iniciativas do governo, não oficializadas, para reduzir direitos trabalhistas e aposentadorias; os estudantes pedem mais recursos para a educação; e os indígenas, mais proteção, pois dezenas deles foram assassinados desde o início do mandato de Duque, em 2018.

Os manifestantes também questionam a intenção do presidente colombiano de rever o acordo de paz com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que desarmou a guerrilha e transformou o grupo em um partido político.

Pressionado pelas mobilizações e com uma popularidade em baixa, Duque convocou na última sexta-feira um “diálogo nacional” com “todos os setores políticos e sociais” para discutir “reformas” em sua política social.

“A impaciência cidadã é grande, as queixas são grandes (…), mas também é muito importante entender que os governos não podem fazer promessas nem têm varinhas mágicas para produzir soluções milagrosas e imediatas”, disse o presidente.

Na segunda (25), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o sindicato dos professores públicos lideraram uma grande passeata, por ocasião do Dia Internacional da Eliminação da Violência contra a Mulher.

Milhares saíram às ruas em várias cidades. Em Bogotá e em Medellin, mulheres caminharam por avenidas importantes vestidas com roupas roxas e protestaram contra o feminicídio e em favor de mais direitos.

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