O policial aposentado Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), teve mais áudios vazados neste final de semana. Em um deles, ele afirma que o Ministério Público “tem um cometa para enterrar na gente”.

“É o que eu falo, o cara lá está hiperprotegido. Eu não vejo ninguém mover nada para tentar me ajudar aí. Ver e tal… É só porrada. O MP [Ministério Público] tá com uma pica do tamanho de um cometa para enterrar na gente. Não vi ninguém agir”, disse em áudio de julho deste ano.

Não é possível identificar quem seria o protegido pelas gravações divulgadas pelo jornal Folha de S.Paulo. Também não se sabe com quem o policial aposentado estaria falando.

Queiroz é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por suspeita de rachadinha – prática em que o funcionário devolve parte do salário. Ele trabalhou para Flávio Bolsonaro de 2007 e 2018, na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro.

Nas gravações, Queiroz também critica a cobertura da imprensa, diz sentir pena do presidente Jair Bolsonaro (PSL) pelas crises sucessivas do governo e demonstra tristeza com a situação política dos aliados. “Era para a gente ser a maior força, a gente. Está todo mundo temendo, todo mundo batendo cabeça”, disse.

Queiroz responde

O advogado Paulo Klein, que defende o policial aposentado, afirmou que seu cliente não teme a investigação do MP, como sugere o áudio.“Ele não tem motivo para estar preocupado porque não cometeu nenhuma ilicitude. O que ele diz é uma preocupação em decorrência da vultosidade do caso, de repercussão nacional. É uma linguagem de uma pessoa simples num ambiente informal”, disse.

Klein afirma ainda que a gravação corrobora a versão de sua defesa, de que Queiroz permanece distante da família Bolsonaro desde que o caso se tornou público. “Isso só mostra que de fato não tem ninguém apoiando ele do ponto de vista político. Não existe uma manobra política como muitos dizem. Ele não tem nenhum apoio político, nem de ninguém a não ser da própria família e do advogado”, declarou o advogado.

Flávio responde

Em nota, o advogado de Flávio Bolsonaro, Frederick Wassef, afirmou que não pode confirmar a autenticidade do material sem ter tido acesso aos áudios na íntegra. Ele disse que só poderá se manifestar se souber a origem das gravações, o interlocutor, o contexto e o período em que as afirmações foram feitas.

“As informações repassadas pela reportagem mostram apenas que o áudio não cita o senador e nem permite saber a qual procedimento do Ministério Público essa pessoa se refere. Não se pode associar esse áudio e seu conteúdo ao senador Flávio Bolsonaro.”

A Presidência da República afirmou que não comentaria o caso.

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