Por Carlos Santiago*

As eleições gerais estão próximas, muitos governos existiram e muitas promessas foram lançadas, mas alguns problemas do Amazonas ainda continuam: insegurança jurídica e política envolvendo o modelo Zona Franca de Manaus; faltam alternativas econômicas para desenvolver o interior do Estado; a BR 319 continua sem o asfaltamento completo; faltam portos públicos dignos para a população e para as atividades econômicas; a segurança pública é precária; a pobreza só cresce; e a corrupção não dá trégua.

A Zona Franca não é um modelo econômico definitivo para a região. Foi criada com benefícios fiscais extraordinários e tem, segundo a Constituição Federal, uma data para findar, e até o momento não existe alternativa para o desenvolvimento do Amazonas com o mesmo peso social e de arrecadação financeira para o Estado.

Já tivemos governos estaduais que lançaram ideias, projetos nas duas gestões e propostas nos períodos eleitorais de substituição ou de adicionar ao modelo ZFM novas formas de produção da economia, inclusive, com enormes promessas de levar o desenvolvimento social e econômico para cidades do interior.

O Terceiro Ciclo, a Zona Franca Verde, o Amazonas Rural e a distribuição e plantio de novas seringueiras, são exemplos de anúncios de muitos governantes. Porém, na prática, nada dessas intenções ou projetos de administrações avançaram, servindo tão somente para ganhar eleições ou para manutenção de poder.

Há décadas, vários governos no âmbito Nacional e plano regional, prometem o asfaltamento completo da BR 319. Todos defendem o fim do isolamento terrestre do Amazonas com relação ao restante do país. No entanto, governos de esquerda e de direita foram eleitos; antigos caciques da política e novos políticos com discurso de mudança já governaram o Amazonas, até com narrativas de necessidade urgente de asfaltamento da estrada. No entanto, a BR 319 encontra-se intrafegável.

A violência é crescente. Homicídios em crescimento exponencial. Facções de criminosos organizados controlam áreas urbanas e recrutam jovens. A pirataria comandada por ladrões é uma realidade nos rios do Estado. A sociedade anda nos ônibus e nas ruas com medo. Nas campanhas políticas e nos parlamentos estão líderes eleitos por uma segurança pública que não melhorou.

A pobreza segue firme. A maioria da população do Estado vive em situação de vulnerabilidade social. A pandemia alargou a desigualdade e o índice de desempregado e de informalidade econômica, só aumentou.

Quando o povo vive no desemprego, na desigualdade, na pobreza e na miséria, os auxílios financeiros dos governos, os ranchos dos políticos e os restaurantes comunitários, são moedas de troca nos períodos eleitorais.

O Amazonas é um Estado com pobres, mas não é um Estado pobre. Não é pobre porque construiu uma Ponte cara sobre o Rio Negro, um estádio de futebol gigante e tem uma arrecadação de mais de R$ 25 bilhões.

Os casos de corrupção são de conhecimento público. Aconteceram várias operações da Polícia Federal. Processos contra ex-gestores e atuais estão cheios na Justiça Federal e na Justiça Estadual.

As campanhas políticas são sempre momentos de reflexões para entender os problemas do Amazonas, as necessidades da sociedade, os discursos dos políticos, a importância de votar consciente e para decidir o futuro de todos.

Sociólogo, Analista Político e Advogado

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