A palavra amizade está especialmente deturpada em nossos dias, devido aos desvios da mentalidade consumista e a confusão reinante quanto à noção de afeto real e sentimentos sinceros. Todavia, o que vemos a seguir, numa simples troca de mensagens pelo Whatsapp entre dois amigos, é a demonstração de que a verdadeira amizade consiste em desejar de maneira efetiva o bem, sobretudo em relação ao próximo.  

– Oi, Fábio. Como você está? Como vai a sua família? – Desculpa amigo, só agora vi sua mensagem, é que eu estava sem internet. – Tranquilo amigo, só queria saber se você está bem. – Obrigado pela preocupação, Marcos! – Eu e minha família estamos acompanhando apreensivos o que está acontecendo aí em Manaus. – Pois é, a situação aqui não está nada fácil.  

A conversa entre os dois amigos foi interrompida por falta de internet. No outro dia, Marcos manda novamente mensagens para Fábio. – O que você prefere: amor, paz ou futebol? Fábio, com a cara de quem não estava entendendo o rumo da prosa, até porque a última vez que eles se falaram foi sobre a atual situação da pandemia de Covid-19 em Manaus, não respondeu à pergunta do amigo.  

Mesmo assim, Marcos insistiu: – E aí amigo, me responde: você prefere amor, paz ou futebol? – Está bem, eu prefiro futebol e você sabe por quê? Acho que o futebol sintetiza tanto o amor como a paz. – E o que é necessário para que haja paz no futebol? – Respeito ao time do outro. Marcos continuou: – Quais são os times de futebol daí, de Manaus? – Nacional, Rio Negro, São Raimundo, Fast, Manaus, Tarumã, Sul América, América, Cliper, Libermorro, Asa da Amazônia, Nilton Lins, Olímpico, Compensão, e tantos outros que não lembro o nome agora, de memória. – E qual é o seu time do coração? – Sou torcedor do Botafogo. – Botafogo é do Rio de Janeiro, eu quero saber dos times daí do Amazonas. – Hoje eu torço para o Sul América. Mas saiba de uma coisa meu amigo, o futebol aqui em Manaus não é lá essas coisas.  

– Aqui em Minas Gerais o futebol também não vai muito bem. A Raposa caiu para a Série B e parece que não quer sair mais de lá. Alguns até dão conta que esse ano ele cai para a série C. Eu acho é bom. Como você sabe, eu sou Galo. Esse ano vamos ser Campeão Brasileiro da Série A. – Que bom – respondeu Fábio. Espero que o seu time seja campão e que você seja muito feliz. Marcos se entusiasmou. – Obrigado meu amigo! Mas o futebol brasileiro está muito atrasado, uma cachorrada só, não existe mais aquele futebol arte, hoje, todo mundo, quando se fala em futebol, só se pensa em ganhar dinheiro, do jogador aos dirigentes. O dinheiro é que manda. Fábio lhe disse: – Sim, em absoluto.  

Marcos não deixou a peteca cair, ou melhor, a bola parar e dessa vez misturou futebol com política. – O Brasil vive num atual clima de polarização porque ninguém quer ceder um milímetro. Fábio concordou com ele, dizendo: – Verdade. Precisamos respeitar a opinião do outro. – Que bom que você concorda comigo. – Neste ponto sim, sempre! – Em qual outro ponto nós divergirmos? – Em nada. Você tem razão. Temos mais pontos que nos aproximam do que nos afastam. – É como diziam os latinos meu amigo: “O semelhante se alegra com seu semelhante”. – Sim, respeitar a opinião do outro é sinal de inteligência. – Isso mesmo meu amigo, você tem razão. – Geralmente o homem preconceituoso, ignorante, homofóbico é intransigente, nunca respeita as opiniões adversas. 

Marcos mandou dois emojis com a cara de quem estava chorando, e lhe disse: – O mundo precisa de mais respeito, amor, empatia, tolerância e menos guerra, conflitos, competições. Em seguida Fábio escreveu: – Que você possa ser livre de todas as amarras do consenso. Que você encontre o que é essencial para você. – Só eu não, né meu amigo, o povo brasileiro, todos nós! – Sim, você tem razão, para todos nós! 

Marcos, novamente, com os emojis de choro se despediu do amigo escrevendo: – Que o olhar gordo da inveja, o vento forte da violência, o vírus maldito da Covid-19 e o falso amor dos religiosos possam voar para bem longe do povo brasileiro, de nossas vidas, dessa querida e abençoada cidade de Manaus. 

Luís Lemos é filósofo, professor universitário e escritor, autor do livro: “Jesus e Ajuricaba na Terra das Amazonas”.  

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