Referência no atendimento a pacientes com casos de AVC, o Pronto-Socorro João Lúcio, localizado na Zona Leste de Manaus, começará a registrar casos de mortes após a retirada do aparelho microscópio da unidade. De acordo com denúncia encaminhada ao Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam), o aparelho foi transferido para Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), na sexta-feira, 20.

“Vamos ter o maior registro de mortes de pacientes internados há meses, que aguardam cirurgias neurológicas. De quem será a responsabilidade? ”, questiona a pessoa que fez a denúncia, sem querer se identificar.

O microscópio Zeiss S88, é o instrumento utilizado para a realização de cirurgias neurológicas de alta complexidade feitas no PS João Lúcio, mas agora, foi levado para o HUGV. Com isso, todos os pacientes internados há meses no João Lúcio aguardando esse tipo de cirurgia, não serão mais operados, afirma a denúncia.

De acordo com informações, o microscópio do HUGV está danificado há meses e será substituído pelo aparelho que o Governo do Estado comprou para o pronto-socorro da zona leste, exclusivamente para a realização de cirurgias de pacientes neurológicos que aguardam no PS João Lúcio.

“O HUGV está sob a administração da EBSERH, o qual será responsável pela compra de um novo microscópio para a instituição, porém, acabaram fechando um acordo com a secretaria de saúde do estado, que resolveu fechar o serviço de neurocirurgia eletiva de alta complexidade do PS João Lúcio, para transferir ao HUGV” revelou a pessoa que denuncia, destacando ainda que, com essa prática, o Estado, que antes contava com dois serviços públicos de neurocirurgia, agora, passa a ter somente um, no HUGV.

“Quais as consequências dessa atitude? Os pacientes que já estão internados no João Lúcio e os que chegarão através do atendimento de urgência/emergência vão correr sério risco de morte, pois não poderão mais ser operados na unidade. Se hoje está ruim, agora vai ficar pior”, alerta a pessoa que encaminhou a denúncia ao Simeam.

Para o presidente do Sindicato dos Médicos, Dr. Mario Vianna, o ato cometido pela Susam é mais uma demonstração de falta de gestão e assessoria técnica. “A secretaria poderia, como solução, fazer uso do microscópio que hoje, está sendo subutilizado na Fundação Hospital Adriano Jorge, para realização das cirurgias neurológicas no HUGV, permanecendo assim, os dois serviços, mas optou por fechar um serviço para diminuir custos. Com isso, os pacientes pagam com suas vidas e as famílias ficam no sofrimento”, disse, indignado, o Dr. Mario Vianna.

A denúncia vai ser encaminhada para os órgãos responsáveis, aqui no Amazonas, como a Comissão de Saúde da OAB e ALEAM, dente outros, e principalmente, para o Ministério da Saúde, por ter o envolvimento de uma unidade hospitalar que recebe recursos federais.

Nota enviada ao Fato Amazônico, na segunda (23/09)

A Secretaria de Estado de Saúde (Susam) informa que a cessão do microscópio do HPS João Lúcio Machado atende à parceria firmada com o Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), que vai absorver os pacientes de neurocirurgias eletivas (agendadas) do pronto-socorro estadual.

A medida visa a reorganização da rede de assistência do SUS e otimização dos serviços, com vistas a melhorar a assistência aos usuários e vai desafogar os leitos do João Lúcio que agora ficará apenas com as cirurgias de emergência.

Segundo a Susam, a medida visa fortalecer o atendimento ao paciente da rede SUS.

Artigo anteriorHaddad chama Witzel de assassino e pede impeachment do governador
Próximo artigoProgramação diversificada reúne minicursos, workshops e apresentações na Semana do Turismo 2019